Uma frase bastante conhecida de Santo Agostinho – “Conhece-te, aceita-te, supera-te” – pode nos fazer parar, pensar e repensar sobre nossa postura diante da vida.
Temos orações, frases, mantras, livros, músicas, com palavras e mensagens que nos orientam a sermos pessoas melhores, termos atitudes melhores e nos condicionarmos a uma postura positiva.
Porém, costuma ser recorrente, depararmo-nos agindo e reagindo de forma contrária ao que propomos ser para nós mesmos, distorcendo a forma como encaramos nosso caminho e deixando transparecer o que pensamos.
Se acreditamos que a vida plena deve se manifesta aqui e agora e que, conforme o que cremos ser verdade, vai se concretizando, manifestando, temos que nos atentar aos nossos gestos e palavras, demonstrar com o coração desarmado esta manifestação.
Confesso que no fundo muitos de nós desconhecemos capacidades intrínsecas e, por isso nos limitamos. E pior, limitamos a capacidade do outro. Saímos totalmente da sintonia do Universo.
Falamos uma coisa, mas nossa postura e atitudes enviam outra mensagem.
Queremos convencer as outras pessoas dos nossos pontos de vista, mas elas não estão convencidas, porque nós não conseguimos nos conectar de forma real com as convicções que acreditamos carregar em nossa bagagem terrena e não projetamos esta realidade.
Mas há um motivo forte que tantas vezes nos impede de sermos o que realmente queremos expressar: a imagem desvirtuada do mundo, o pensamento de que tudo está errado, perdido, de que as dificuldades não têm solução, de que não há por que acreditar na humanidade. É o pensamento errôneo que já se infiltrou no inconsciente coletivo e que distorce nossa visão do certo, do bom, do belo e do que é possível.
Perdemos o foco, as rédeas, saímos da sintonia com o que pregamos como verdade para nós mesmos. Como fazer com que as pessoas acreditem na gente?
Aí é que está. Esta necessidade de convencer os outros das nossas verdades não tem razão de ser. A vida seria muito mais simples, se não tivéssemos a pretensão de tentar convencer, modificar nem fazer o outro ‘engolir’ as nossas certezas. É é aí que entra Santo Agostinho. A gente se conhece, sabe das nossas limitações, aceita e trabalha nossa mente e nosso interior para moldar de uma forma menos difícil esta existência e melhorar, para evoluir, e não convencer ninguém de nada.
Devemos entender que estamos no mesmo caminho do outro e, em certas situações, de igual para igual com muitos dos que encontramos pela estrada. Podemos dividir as experiências, fortalecer-nos com o apoio alheio e nos deixarmos apoiar, como uma troca. Um dia dou mais, no outro recebo mais.
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A vida é aprendizado, mas nem sempre é possível convencer as pessoas das nossas convicções, porque lá na frente podemos não saber mais lidar com uma situação muito parecida que já vivemos. Uma perda, por exemplo.
Recuar, perceber-se na introspecção, sossegar a mente, ouvir a voz da alma, reaprender e seguir adiante. Talvez seja um pouco disso, quando Agostinho falou em superar-se.