Dizer adeus é um ato de amor ao próximo.
Quem nunca teve uma péssima experiência de desligamento em um trabalho? Um chefe que desconsiderou toda a sua dedicação e, no final do relacionamento, lhe tratou com frieza e desprezo?
Eu sim. Após 2 anos na Diretoria de uma multinacional, fui chamada pelo novo CEO – que após 6 meses na cadeira nunca havia me dado um feedback formal ou diretrizes de trabalho – e recebi a notícia, entre piadas e sorrisinhos, de que a empresa não poderia mais arcar com meu salário. E eu deveria deixar a empresa em 1h e não levaria nada comigo, além do que a lei obriga. Sim, uma hora. Fui obrigada a perguntar: “cometi algum crime?”
Não, era só a total incapacidade pessoal do gestor em lidar com uma situação que obviamente é incômoda a qualquer um.
Ou quantos casos você já ouviu de pessoas que receberam um Whatsapp de um namorado ou paquera, terminando o relacionamento como se você fosse um passatempo descartável?
Tem também as situações mais sérias, onde um casamento de muitos anos termina. E começa um longo e penoso processo de adeus.
São nessas situações, ao dizer adeus, que mostramos nossa essência. Vem à tona nossa educação de base, nossa capacidade de olhar para o outro, o respeito ao ser humano, a mesquinhez e a ganância.
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Sim, dizer adeus é um gesto de elegância, de sublime desprendimento em prol do bem-estar do outro. Uma arte – a de dizer adeus de forma digna – a que poucos dominam.
Demitir uma pessoa envolve muito mais que o rasgar de um contrato. Envolve reconhecimento, amparo, inteligência emocional e, mais que tudo, empatia. Quem não sabe ler e entender outros seres humanos jamais deveria ocupar uma cadeira de gestor. Mas infelizmente os critérios das empresas passam quase sempre pelo WHAT (como fazem, resultados) e quase nunca pelo HOW (como fazem).
Da mesma forma, nossos relacionamentos pessoais são incríveis na hora da aproximação, da construção de planos e sonhos de amizade ou amor. Infelizmente, na hora do adeus vem à superfície os valores, a postura e sentimentos reais, que muitas vezes ficam lá escondidos de nossos olhos. Brigas por dinheiro ou a frieza de te dar uma notícia em um simples WhatsApp, evidenciam a imaturidade e a materialidade de muitas pessoas.
Ao dizer adeus, precisamos fazer uma reflexão prévia sobre o que aquela pessoa representou em nossas empresas ou em nossas vidas.
Quais serão suas perguntas e angústias, e como podemos minimizá-las. Não é simplesmente jogar essa pessoa em um abismo de incertezas. Um gestor agir com humanidade, é sinal de fortaleza. Um homem/mulher ser decente na hora do adeus, faz todo aquele tempo em comum ser uma lembrança boa na vida do outro. Você passa a ser um caminho bom de ser relembrado. Por outro lado, quem falaria bem de uma empresa ou de um gestor que agiu como uma criança mimada e ingrata que quer se livrar de um problema (você)?
Dizer adeus é difícil, desagradável e sofrido. Quando feito de forma honesta e decente, é um gesto de nobreza. Mesmo que naquele minuto onde a notícia é dada, a pessoa não entenda, com o tempo só ficarão as boas lembranças.
Dizer adeus é um ato de amor ao próximo.