E foi nesse dia, no dia que me faltou amor, mas me sobrou coragem, que eu me livrei do que me consumia e vi pessoas que realmente me queriam bem reconstruindo meu coração juntamente a mim.
Durante a minha vida toda eu me entreguei às pessoas de cabeça, não conseguia ser o meio termo (esse mesmo que me ofereciam).
Eu nunca soube ser meio amiga, meio namorada, meio conhecida… ou eu entrava na vida da pessoa com tudo ou nem perdia meu tempo. Eu só não sabia que o perigo morava quando a gente se doa demais.
Eu era a amiga que elas procuravam quando precisavam desabafar, mas nunca a amiga que lembravam de chamar para sair. Eu era a “ficante” que eles gostavam de levar para serra, mas nunca a que dava a mão no meio de um shopping. Eu era a namorada que fazia de tudo pelo namoro, mas que nunca recebia a mesma dedicação de volta. Eu era a familiar que escutava tudo, mas guardava os sentimentos e pensamentos para si. Eu era aquela que você via no meio da rua e pensava: “Nossa, que menina com sorriso bonito!” Mas não a que você pensaria que estava prestes a cair de um precipício.
Eu era a minha melhor versão para todo mundo e, ainda assim, não parecia suficiente, pelo simples fato: eu era a minha melhor versão para os outros, mas não para mim.
Eu seria capaz de quebrar meu coração para montar o coração de alguém que eu amava, mas quando o meu se partia, não havia ninguém para me ajudar a catar os caquinhos do chão. As pessoas se acostumam com o “receber, receber, receber e nunca doar”. Eu entendi que eu mimava as pessoas ao meu redor e, bom… mimar alguém em excesso pode causar grandes estragos, e estes foram retratados em mim mesma.
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De tanto fazer pelos outros, quando vi que estava no pior momento em que eu poderia me encontrar, já não havia mais sobrado amor para mim mesma.
Fui deixando um pouco dele por cada vida que passou por mim e esqueci de poupar uma grande quantia para a principal: eu mesma.
Eu olhei ao meu redor, olhei para dentro de mim, mas não enxerguei ninguém. Eu via apenas o nada. Uma alma sobrevivendo às peripécias da vida, mas já sem força, amor ou fé para conseguir superar uma nova vírgula mal colocada que fosse…
Nesse dia eu olhei para o meu futuro e eu não vi luz no fim do túnel. O que eu enxergava apenas era: eu era tão ruim assim que as pessoas se doavam tão pouco para mim?! Eu era tão ruim assim a ponto de eu mesma ter me colocado em último plano?!
No dia em que me faltou amor para meu próprio ego, coração e alma, eu precisei me renovar.
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Desistir era uma opção – e talvez a que estivesse com a placa mais brilhante de “siga por este caminho”.
Mas como eu sempre fui teimosa e seguia contra a corrente, eu resolvi mudar tudo que fiz até hoje: eu abri minha boca para os meus familiares, eu dei um basta nas “amizades mão únicas”.
E foi nesse dia, no dia que me faltou amor, mas me sobrou coragem, que eu me livrei do que me consumia e vi pessoas que realmente me queriam bem reconstruindo meu coração juntamente a mim.
No dia em que me faltou amor, eu descobri o que é de verdade, livrei-me do que é de mentira e entendi que meu amor é sagrado demais para sair doando primeiro para outros do que pra mim.
Direitos autorais da imagem de capa: ActionVance on Unsplash