Suzane von Richthofen, atualmente em regime aberto após cumprir pena pela morte de seus pais, está inscrita no concurso da Câmara Municipal de Avaré, localizada no interior de São Paulo.
Ela concorre ao cargo de telefonista juntamente com outros 837 candidatos. O cargo exige nível fundamental de escolaridade, carga horária semanal de 30 horas e salário de R$ 5.626,33, além de benefícios.
De acordo com o edital do concurso, todos os inscritos devem apresentar uma certidão negativa criminal, comprovando que não possuem pendências judiciais.
Suzane precisará obter autorização judicial para se deslocar durante as viagens, uma vez que as provas estão marcadas para serem realizadas em dois domingos consecutivos: 4 e 11 de junho em Avaré. Caso seja aprovada, ela também precisará da permissão da Justiça para assumir o cargo.
Desde que deixou a prisão em 11 de janeiro, Suzane tem se esforçado para se reintegrar à sociedade. Ela retomou os estudos, com autorização judicial, e está cursando biomedicina no Centro Universitário Sudoeste Paulista, em Itapetininga. Além disso, ela montou um ateliê online para vender peças de moda autorais.
A ressocialização é considerada um desafio pelos especialistas brasileiros: segundo dados divulgados pelo Ministério Público Federal cerca de dois milhões pessoas estão presas nas cadeias superlotadas das penitenciárias espalhadas pelas regiões mais pobres do país sem acesso à educação nem ao trabalho digno após cumprirem suas sentenças judiciais – fator este apontado como principal causa responsável pela reincidência criminosa entre detentos liberados sob condicionalidade penal.
No entanto muitos outros exemplos positivos podem ser citados também: em São Paulo, por exemplo, o projeto “Trabalhando a Liberdade” tem ajudado na recuperação de detentos egressos do sistema prisional paulista. O programa é uma parceria entre as Secretarias Estaduais da Administração Penitenciária (SAP) e Emprego e Relações do Trabalho (SERT), que visa oferecer cursos profissionalizantes aos presidiários com objetivo de facilitar sua reinserção no mercado laborativo.
A iniciativa já capacitou mais 2 mil pessoas; além disso também conta com um banco exclusivo para cadastro dos currículos desses ex-detentos – onde empresas interessadas podem consultar os perfis disponíveis gratuitamente – fator este considerado como fundamental pelos especialistas responsáveis pelo projeto.