Ontem ela teve aquele excesso de saudades, sabe? Aquele que faz com que a gente ligue para todos os contatos da agenda? Aquele que faz com que a gente mande corações para os últimos 10 contatos do whatsapp? Sabe?
Então, ela pegou o telefone e escreveu – pela vigésima vez – uma mensagem que dizia mais ou menos assim:
“Só pra dizer que sinto saudades, sei lá. beijos”
Escreveu diversas vezes a mesma mensagem, pensou em mil interpretações daquele “sei lá”, como “volta”, “faça alguma coisa”, “vamos nos ver”, assim ficou olhando para o telefone por horas antes de criar coragem pra finalmente apertar aquele maldito “enviar”. Apertou. Enviando mensagem… Mensagem não enviada.
Desistiu. Amanhã ela envia.
Talvez fosse um recado do além, talvez fosse um recado daquele orgulho – bobo – que havia tomado conta da casa e do sofá. Aquele orgulho que não deixava as emoções estragarem o que ela havia conseguido até hoje, que era esquecer – ou fingir que esqueceu – aquele cara.
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Mas garota, já pensou se o mundo acabar amanhã? Se esse for o teu último dia aqui? E aí?
Por falta de coragem, arrego, medinho, você não falaria o quanto sente saudade dele, o quanto queria que tudo fosse como antes (e como era bom). Por orgulho, você não pediria desculpas pelas mágoas que você também causou? Por medo, você não teria o abraçado apertado como se fosse a última vez. E se fosse?
Mania boba essa que temos de agirmos como se fossemos imortais, não somos, e é uma pena ver o mundo perder uma beleza rara e tropical feito a minha, mas fazer o que?
Acabamos esquecendo o tempo.
Esquecemos que temos uma vida toda ali fora e que ela tem prazo de validade. Sinto muito lhe decepcionar, mas você não está no Mario Bros pra esperar que as vidinhas verdes caíssem lá de cima pra você viver de novo. Sem chance!
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Então, se não houver amanhã? Você teria cantado em voz alta aquela música que sequer sabe a letra? Teria dançado na chuva? Você teria dito eu te amo para os seus pais, irmãos, cachorros, gatos e papagaios?
Você teria agradecido seus amigos pela paciência, companheirismos e por eles terem te escolhido e te aceito, mesmo com tantos surtos ranzinzas?
Você teria esquecido as mágoas? Deixaria seu celular em casa, dentro da bolsa ou desligado em uma roda de amigos? Agradeceria os sorrisos, abraços e até os coices (daquelas amigas nada meigas que só você tem)? Ou ficaria aí, remoendo os rancores e lembrando dos “paranauês” que não manjou?
Você teria peito – vale até silicone – para dizer tudo que pensa para aquele quase ex-futuro amor, desde a parte em que ele tem bafo até que nunca gostou daquela sunga branca?
Viajaria bem acompanhada sem destino e sem avisar ninguém?
Livrar-se-ia de todos os nãos, julgamentos e preconceitos, que teima em levar nessa malinha rosa cheia de pompons? Mandaria o seu cérebro calar a boca e escutaria o seu coração, nem que fosse uma única vez, só uma vai?
Você por acaso teria coragem de deixar para trás todos aqueles medos bobos? Aqueles de se machucar, se decepcionar, se enganar mais uma vez?
Você arrotaria em público? Iria a padaria de pijama? Sairia de casa sem maquiagem? Subiria no palco no meio daquela festa e dançaria sem medos?
Quando é que você vai perceber que talvez nem exista amanhã?
Até quando você vai esperar o mundo entrar em um verdadeiro caos, para ser e não ter, para amar sem medo, sem pudores, perdoar, ser perdoado, distribuir sorrisos largos, abraços e chicletes?
Você não acha que está na hora de esquecer esses medos? Você não acha que está na hora de guardar seu orgulho em uma gaveta e jogar a chave fora?
Se eu pudesse lhe dar um conselho, eu diria: Vai sem medo, e qualquer coisa vai com medo mesmo!
Olhe pra quem está do seu lado, perceba o quanto tem sorte, que sorte!
Viva, arrisque, vá atrás, corra feito um queniano se for preciso, peça desculpa, mande flores, faça alguma coisa, mas não fique aí parado.
Dê valor a quem está do seu lado hoje, diga o que sente, o quanto é importante, diga o quanto sente sua falta. Faça uma serenata na janela, escreva uma carta, mande flores e bombons. Não tenha medo do ridículo.
Você não percebe que ela poderia estar em qualquer outro lugar e mesmo assim decidiu ficar?
Não perca a oportunidade. Se gostar, demonstre. Se sentir saudade, vá visitar. Se tiver vontade, abrace. Se quiser dançar, dance. Porque a gente nunca sabe quando é a primeira vez ou a última chance.
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Escrito por Alessandra Menegaz – Via CATWALK