Aclamada e reconhecida nacionalmente por sua arte, Tarsila do Amaral usava elementos típicos da cultura brasileira em suas produções.
Tarsila do Amaral produziu uma identidade cultural muito própria, dando cores nacionais à sua arte, bem como trazendo referências da arte moderna europeia. Ela participou ativamente da renovação da arte brasileira na década de 1920, além de também ter formado o Grupo dos Cinco, que incluía grandes artistas como Anita Malfatti, Menotti del Picchia, Mário de Andrade e Oswald de Andrade.
Infância
Tarsila do Amaral nasceu no dia 1 de setembro de 1886, em Capivari, no interior de São Paulo. Filha de fazendeiros, José Estanislau do Amaral e de Lydia Dias de Aguiar do Amaral, ela passou a infância na Fazenda São Bernardo, que era de seu pai. Vinda de uma família rica e tradicional de São Paulo, era também neta de José Estanislau do Amaral, um proprietário de fazendas do interior, que era apelidado de “milionário”.
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Com grande quantidade de riquezas, o pai de Tarsila herdou diversas fazendas, nas quais ela passou a infância e adolescência. Seus estudos começaram no Colégio Sion, em São Paulo, mas foi finalizado somente em Barcelona, na Espanha, onde pintou o seu primeiro quadro, “Sagrado Coração de Jesus”, em 1904, aos 16 anos.
Carreira artística
Em 1906, Tarsila do Amaral retornou ao Brasil, e dez anos depois, começou a estudar escultura no ateliê de William Zadig, um escultor sueco radicado em São Paulo, com quem aprendeu a fazer modelagem em barro. Depois, em 1918, passou a ter aulas de desenho e pintura com Pedro Alexandrino, e por meio dele, conheceu a pintora Anita Malfatti.
Tarsila do Amaral então se mudou para Paris em 1920, para estudar na Académie Julien, uma escola renomada de pintura e escultura, junto do pintor Émile Renard. Em 1922, ela teve uma tela admitida no Salão Oficial dos Artistas Franceses e no mesmo ano, em junho, retornou ao Brasil ao saber que havia acontecido a Semana da Arte Moderna, através das cartas com a amiga, Anita Malfatti.
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No Brasil, Tarsila entrou no modernista Grupo dos Cinco, junto com Anita Malfatti, Menotti del Picchia, Mário de Andrade e Oswald de Andrade. Os artistas agitaram a cultura de São Paulo, com várias festas, reuniões e conferências. Enquanto isso, Tarsila do Amaral tinha seu primeiro contato com a arte moderna, pois só havia feito estudos acadêmicos até aquele momento.
Em dezembro do mesmo ano, a pintora retornou a Paris, mantendo contato com os modernistas brasileiros. Ela também estudou com Albert Gleizes e Fernand Léger, artistas cubistas, além de também ter se tornado amiga de Blaise Cendrars, um poeta franco-suíço. O poeta, inclusive, lhe apresentou grandes nomes da arte daquela época, como Picasso. Enquanto estava na França, Tarsila também fez amizade com outros artistas brasileiros que estavam no exterior, como Di Cavalcanti e Villa-Lobos.
Em 1925, Oswald de Andrade lançou um volume de poesias chamado “Pau-Brasil”, com algumas ilustrações memoráveis de Tarsila do Amaral. Nas ilustrações, ela rompeu completamente o conservadorismo e encheu suas obras com formas e cores descobertas durante a viagem para Minas Gerais, junto dos amigos modernistas, que foi conhecida como a primeira fase da artista.
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Na fase Pau-Brasil, Tarsila abusou de “cores caipiras”, muito rejeitadas pelos artistas da época, com a intenção de representar o Brasil rural e urbano. Ela também teve influência do cubismo e das paisagens brasileiras. No ano seguinte, entre grandes temporadas na Europa e as viagens pelo Brasil em busca de cores nacionais para suas telas, a artista fez a sua primeira exposição individual na Galeria Percier, em Paris, onde recebeu críticas favoráveis.
A segunda fase de Tarsila, denominada “Antropofágica”, deu origem à arte mais radical do movimento modernista, quando pintou “Abaporu”, o seu quadro mais famoso. Os antropófagos propunham que fosse aproveitado as inovações artísticas da cultura estrangeira, sem perder a própria identidade cultural, que era o objetivo principal. Nessa fase, ela usou cores vivas, como roxo, vermelho, verde e amarelo.
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Somente em 1929, Tarsila realizou a sua primeira exposição no Brasil, que aconteceu no Palace Hotel, em São Paulo. No ano seguinte, por conta de problemas pessoais e da grande crise, a pintora produziu apenas uma tela, intitulada de “Composição (Figura Só)”. Depois, conseguiu um emprego na Pinacoteca do Estado de São Paulo, mas não ficou por muito tempo, sendo demitida após a ascensão de Getúlio Vargas, em 1930.
No ano seguinte, viajou para a União Soviética e desenvolveu uma nova concepção política, voltada às questões sociais. Retornou a Paris e começou a trabalhar como pintora de paredes em construções, onde vivenciou a experiência operária.
Assim, a última fase de Tarsila, denominada “Social”, aconteceu no início de 1933, com a obra “Operários”, no qual ela estava voltada a temas sociais da época e a situação de trabalho das pessoas. Com ela, deu início ao uso de cores mais sóbrias e acinzentadas, dando alusão a desesperança dos trabalhadores incansáveis, que não tinham acesso básico à saúde e educação.
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Vale ressaltar que, apesar de Tarsila do Amaral não ter participado diretamente da Semana da Arte Moderna de 1922, ela se integrou com os modernistas, e é lembrada até hoje na arte brasileira.
Vida pessoal
Tarsila do Amaral se casou pela primeira vez em 1906, quando tinha apenas 20 anos, com o primo de sua mãe, André Teixeira Pinto, com quem teve uma filha, Dulce Pinto. Tempo depois, em 1920, ela se separou e logo depois se mudou para Paris para estudar.
Ao retornar ao Brasil, Tarsila começou a namorar o escritor Oswald de Andrade, casou-se com ele em 1926. Quatro anos depois, em 1930, Oswald a deixou para viver com a escritora Patrícia Galvão, a jovem Pagu. Na mesma época, a artista já estava sofrendo pelas consequências da Crise de 1929, quando perdeu toda a fortuna e teve que vender suas propriedades, e a separação a deixou ainda mais deprimida.
Em 1931, Tarsila do Amaral se casou novamente, agora, com o psiquiatra Osório César, com quem viajou junto para a União Soviética, mas logo se separou. Ela se casou por último com o escritor Luiz Martins, que era 20 anos mais novo que ela. O casamento durou até a década de 1960.
Falecimento de Tarsila do Amaral
Com dores fortes nas costas, em 1965, Tarsila do Amaral precisou passar por um procedimento cirúrgico, mas, por erro médico, acabou ficando sem andar. No ano seguinte, uma grande perda abalou ainda mais a sua vida: sua filha faleceu em decorrência de diabetes. A pintora, então, conseguiu forças no espiritismo. Ela faleceu em 17 de janeiro de 1973, em São Paulo.
Obras de Tarsila do Amaral
Pátio, Com Coração de Jesus, 1921
A Espanhola, 1922
Chapéu Azul, 1922
Margaridas de Mário de Andrade, 1922
Árvore, 1922
O Passaporte, 1922
Retrato de Oswald de Andrade, 1922
Retrato de Mário de Andrade, 1922
Estudo, 1923
Manteau Rouge, 1923
Rio de Janeiro, 1923
A Negra, 1923
Caipirinha, 1923
Figura Azul, 1923
Auto Retrato, 1924
Morro da Favela, 1924
A Cuca, 1924
São Paulo, 1924
A Família, 1925
Palmeiras, 1925
O Mamoeiro, 1925
Religião Brasileira, 1927
Manacá, 1927
A Boneca, 1928
Cartão Postal, 1928
Abaporu, 1928
O ovo (Urutu), 1928
Distância, 1928
A lua, 1928
O sono, 1928
Floresta, 1929
Cartão-postal, 1929
Antropofagia, 1929
Sol poente, 1929
Floresta, 1929
Retrato do Padre Bento, 1931
Operários, 1933
Segunda Classe, 1933
O Casamento, 1940
Procissão, 1941
Terra, 1943
Primavera, 1946
Praia, 1947
Criança, 1949
Costureiras, 1950
Porto I, 1953
Procissão, 1954
A Metrópole, 1958
Porto II, 1966
Religião Brasileira IV, 1970