A decisão do Ibama de afastar o tiktoker Agenor Tupinambá, de 23 anos, de sua capivara de estimação Filó está mobilizando a opinião pública, o parlamento e especialistas em meio ambiente.
O debate é forte e divide corações. Ontem, Tupinambá, que foi multado em R$ 17 mil e recebeu um ultimato para entregar o animal, tenta convencer seus seguidores e autoridades de que sua história de amizade com o roedor não é brincadeira de internet, apelou para a emoção:
“Se houve um amanhã em que não estejamos juntos, há uma coisa de que você precisa lembrar. É mais corajoso do que acredita, mais forte do que parece e mais esperto do que imagina”, postou ele, reproduzindo um trecho de um desenho animado em que um garoto conversa com um urso. Em post similar que foi para a página de seu Instagram, com um vídeo dele acariciando um búfalo, ele complementa: “Este post não é sobre búfalos”. Agenor está proibido de divulgar imagens da capivara Filó. Para finalizar o tributo que faz à capivara, ele conclui: “Eu sempre estarei com você”.
Ao lado da mãe, Agenor também tem ido ao parlamento pedir apoio à sua causa e tem conseguido adeptos como a deputada estadual Joana D’arc (União). Eleita com a bandeira de defensora dos animais, ela se colocou no front do influencer e diz que não estaria ao lado dele se não acreditasse nos seus propósito.
O rapaz, que mora numa fazenda em Autazes, no Amazonas, levou para sua trincheira o prefeito da cidade, Anderson Cavalcante, que está indignado e outras personalidades que surfam na popularidade do ambiente selvagem brasileiro, como o biólogo Richard Ramussen, que arrasta 1,7 milhão de seguidores. Ramussen fez uma provocação em seu perfil: “Que monstro, que monstro esse cara que desafia o ambiente e, na sua fazenda, convive de forma harmoniosa com uma capivara. Tem que acabar com um cara desses! Tem que acabar com um cara desses!”
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Agenor tem compartilhado sua dor, já chorou e relatou que, desde que foi informado de que terá que se separar de Filó, já teve crises de ansiedade. Ele prometeu recorrer da decisão do Ibama. O órgão ambiental deu ao estudante, que cursa agronomia, prazo de três dias para devolver o mamífero a seu habitat natural. Os 1,4 milhão de seguidores do estudante no TikTok e 452 mil no Instagram acompanham o desenrolar do drama atentamente e não perdem um novo capítulo da batalha por Filó.
Agenor já contou ter ficado surpreso ao ser informado da autuação pelo Ibama:
—Quando saí de lá, tive uma crise horrível, entrei em pânico. A ficha ainda não tinha caído do que estava acontecendo. Depois de umas horas comecei a passar mal, tive uma crise de ansiedade horrível — disse o influenciador, que ainda foi obrigado a apagar as postagens com Filó e acrescentou que irá se reunir com advogados para recorrer da decisão.
O prefeito de Autazes também tem se manifestado em apoio.
—Nós temos tantos temas importantes para discutir: fome, desemprego, desigualdade social e a gente está denunciando um jovem talentoso, estudante e que identifica com a natureza e com os animais — disse o prefeito.
Ibama defende autuação
Em nota, o Ibama disse que “animal silvestre não é pet” e explicou que o caso chegou ao conhecimento após a descoberta da morte de um bicho-preguiça, que também era criado na propriedade de Agenor. O Ibama afirma que o influenciador não tem autorização para manter os animais em sua casa.