Conversando com uma turma, ouvi de uma moça que ela é do tipo que vai muito devagar com os relacionamentos.
Confesso que não me lembro qual a resposta das pessoas que estavam presentes, porque simplesmente amei o que ela disse e entrei no meu mundo particular de reflexões.
Afinal, em tempos de imediatismos, descartáveis e afirmações de egos, muitas conexões começam e terminam sem a chance de sequer conseguirem este nome – relacionamento.
Ouço muita gente reclamando que não consegue engatar em um. Quando pergunto como foi o primeiro encontro com alguém, muitas vezes já ouço falar em “curtição” mega blasters. E acho que essa afobação é o que atrapalha.
É preciso maturar, observar, conhecer, tocar com carinho e respeito o mundo do outro antes de tudo isso. Caso contrário, a falsa sensação de intimidade criada com, cairá por terra na primeira conversa séria que se tente ter com a pessoa. Porque o universo dela será desconhecido para nós e o nosso, para ela, claro. Só saberemos dela como é o beijo descompromissado, apressado, como ela nos “pega”. E poderemos nos assustar um dia, tentando compreender quem é aquela pessoa na nossa frente, tentando nos dizer algo mais sério. Isso porque só conhecíamos o lado “festa” da pessoa. Mas a vida não é apenas isso, certo? Há os dias de sossego, de reflexão, de chatice, de ausências.
Há os dias que só queremos ser abraçados. Mas o abraço de um completo estranho não é confortável. E se não houver um tempo de conhecimento do outro, ele será sempre um estranho e estar ao lado dele em silêncio, poderá ser muito constrangedor.
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Engraçado, né? Em tempos doidos como o que vivemos, não é constrangedor mostrar-se no primeiro encontro. Mas é absolutamente desconfortável olhar nos olhos, falar sobre o dia, sobre os dissabores vividos. Parece que pouca gente está disposta a conhecer o passado do outro, para não invadir, dizem. Ou saber o que a pessoa fez durante o dia todo que não ficou junto dela. Para dar espaço, explicam. Perguntar o que a pessoa quer do futuro então! Deus nos livre! Vai que ela interprete como um pedido de casamento?! Só que a mágica de uma boa sintonia, é que quando o cuidado com o outro floresce, tudo isso será natural, sem neuroses, sem receios, sem máscaras.
Pois bem.
Ponto para a moça que vai muito devagar. Sinceramente, de onde olho, acho que ela tem muito mais chance de ter um bom relacionamento do que os apressados.
Um relacionamento daqueles que nos pegam de jeito, sabe? Daqueles que nos abrem a guarda e a vontade de acolher o outro no nosso mundo. Que existam mais como ela!
Parece-me que a humanidade está precisando de amores construídos passo a passo e não de aventuras passageiras.
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