O paulista Tony Tornado, nascido em Mirante do Paranapanema, vizinha de Presidente Prudente, é na verdade Antonio Viana Gomes, mas já foi Tony Checker, quando começou sua carreira musical, muito antes de ser ator e trabalhar na Globo. Tony surgiu durante sua estadia nos Estados Unidos, no Harlem, em Nova York, onde vendia drogas escondidas em caixas de sapato.
Prestes a completar 93 anos agora em 26 de maio, o artista impressiona o público até hoje, seja por sua longevidade, bem como estando ainda atuante no mundo artístico. Sem dúvida, Tony Tornado é um dos nomes que fez com que o funk e o soul se popularizassem ainda mais no Brasil.
O filho de dona Maldy Pessanha Viana e de Ray Antenon, um imigrante guianense que foi um dos sobreviventes da seita de Jim Jones, líder religioso responsável por assassinatos e suicídios em massa na Guiana, Tony fugiu de casa já na pré-adolescência, buscando seu sonho de ser artistas. Como existiam poucas oportunidades no interior de São Paulo, ele resolveu ir para o Rio de Janeiro e lá conseguiu sobreviver vendendo amendoim e engraxando sapatos.
![Para conseguir realizar seu sonho de ser ator, Tony Tornado teve que morar na rua durante a infância](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2023/05/picture-26.webp)
Na época de alistamento militar, Tony serviu ao exército ao lado de Silvio Santos. Tony permaneceu nas forças armadas até 1963 e lutou no Canal de Suez, no Egito. Em 1966, o cantor passou a integrar o conjunto de Ed Lincoln, ficando por um ano. Em seguida, ele embarcou em uma turnê de 7 meses nos Estados Unidos com o grupo Coisas do Brasil. Ao se ver sem dinheiro para pagar seu hotel, ele retornou para o Brasil.
Em entrevista à Revista Trip, em 2001, ele também revelou que durante uma época chegou a ser lutador profissional de boxe, mas que a carreira artística sempre bateu mais forte.
“Morei no centro do Harlem. E lá, ou você canta, ou você trafica. Como é que eu ia cantar num lugar onde você ouve Ray Charles e James Brown o tempo todo? (…) Vendia bagulho, cara. Machonha. E era época do LSD”, comentou o ator e cantor sobre sua estadia nos Estados Unidos.
![Para conseguir realizar seu sonho de ser ator, Tony Tornado teve que morar na rua durante a infância](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2023/05/TonyTornado7-jpg.jpg.webp)
Mesmo tendo vendido drogas para sobreviver, ele afirma que nunca usou nenhum tipo de entorpecente. Sequer bebidas alcoólicas. Depois de ser deportado por falta de documentos, Tony Tornado entrou para o 50º Festival Internacional da Canção, onde venceu com a música “BR-3”, música influenciada pelo funk e soul de James Brown, dando assim, início à carreira artística como músico.
Logo após, ele foi contratado pela gravadora Odeon, onde gravou os dois únicos álbuns solos de sua discografia. Ambos álbuns levam seu nome, “Toni Tornado” e foram lançados em 1971 e 1972. Com a pouca aceitação do público frente ao seu segundo álbum, Tony, que já vinha também fazendo algumas participações na televisão, terminou se dedicando totalmente à atuação.
Um de seus papéis de destaque foi como João Corisco, da novela “Jerônimo, o Herói do Sertão”, de Moysés Weltman. Ele também fez inúmeras participações em programas humorísticos, como Os Trapalhões.
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Em 1985 ele voltou às novelas e interpretou Rodésio, em “Roque Santeiro”. Segundo o Estadão, a novela teve três finais diferentes gravados, sendo em um deles Rodésio ficava com a personagem de Regina Duarte, a icônica viúva Porcina.
Outro papel marcante do ator foi sendo Gregório Fortunato, que foi chefe de segurança de Getúlio Vargas, na minissérie “Agosto”, de 1993. Na vida real, o cantor e ator conheceu Gregório pessoalmente em 1954, quando ambos estavam no exército, na Escola de Paraquedismo no Rio de Janeiro.
Recentemente, Tony Tornado participou de “Carcereiros”, série da Globo exibida na Globoplay. Em entrevista ao Estadão, o roteirista Marçal Aquino afirmou que a série dava ao ator um personagem à sua altura. “Esse cara teve poucas chances. É um resgate”.
Em uma de suas últimas entrevistas, Tony Tornado também se lembrou do tempo em que esteve casado com a também atriz Arlete Salles. No programa Conversa com Bial, tanto Tony quanto Arlete revelaram as dores de terem vivido racismo durante os 7 anos de casamento.