Estava passando por uma BR quando um carro passou por mim. Vinha em disparada, rasgando a rua e pedindo espaço aos demais veículos. Pensei ser um desses meninões que aos finais de semana vão de uma cidade a outra, à procura de diversão, mas para minha surpresa era ela.
Quando me viu, sorriu pelo retrovisor e buzinou alto, como quem quer chamar a atenção a todo custo.
Bem, mesmo que não houvesse buzinado, eu a perceberia. Quem não percebe uma mulher dessas?
Ela é incrível! É bonita mesmo usando moleton e chinelo. Costumo pensar que se amarrasse um saco de lixo ao corpo daria conta do recado de arrancar suspiros pela rua. Ela é linda, mas não pelo que veste, ou pela maquiagem. Sim, é maravilhosa a forma como usando apenas um batom consegue hipnotizar até o mais forte mortal dessa terra, mas não é isso que a torna bela. Nunca foi o batom ou o vestido que a tornou bonita; sempre foi ela quem os tornou apreciáveis.
Inteligente! Domina todo e qualquer assunto, sem precisar de horas de leitura. Quando entra numa briga ganha na canseira, no argumento e até no soco, acho que ela é capaz de ganhar, se for necessário. É dessas que não desiste de uma ideia simplesmente por dizerem que não vai conseguir; muito pelo contrário, se alguém ousa duvidar de sua capacidade, ela mete a cara e faz, pelo mero capricho de poder sorrir enquanto lhe conta que, afinal, deu certo.
Encrenqueira, mas num bom sentido. É dessas que não tem medo de nada nem ninguém. Se a noite é escura ela se torna o luar, e se o sol está quente demais, ela é um ar condicionado em potência máxima.
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Em casa é dona, resoluta, decidida. Na vida é chefe, poderosa, atrevida. Que mulher!
É daquelas que às 8 está tomando champagne com o cabelo bem alinhado, e cinco minutos depois já está na mesa de sinuca ensinando como se joga. Entende de futebol, de flores, astrologia e ceticismo. Sabe cozinhar, dançar, administrar tempo e dinheiro, e também sabe encantar.
Conquista suas próprias coisas e domina o espaço no mundo que lhe pertence. Caminha de salto alto na rua e também na vida e, se vira o pé, simplesmente arranca os sapatos e caminha descalça. Ela não para e parece não sentir dores. É como uma palmeira; o vento pode fazê-la tocar o chão, mas não é capaz de mantê-la caída e muito menos de destruí-la.
Fala o que pensa, quando pensa e seu sarcasmo mais parece uma faca afiada capaz de cortar qualquer coisa com apenas uma encostada. As palavras doces que diz a quem necessita lembram sorvete de limão; todos pensam que serão azedas, mas trazem refrigério e doçura. Na contramão disso, sua acidez lembra o vinagre da salada que faz arder às gengivas machucadas.
Ama com intensidade e profundidade. Quando se entrega é como uma chama que em instantes torna-se o fogo que consome tudo à sua frente.
Não é uma mulher de meios-termos; prefere estar no início da montanha e ter que subí-la ou estar em seu cume, avistando tudo de cima, mas nunca no meio.
O meio do caminho, a seu ver, significa apenas que é preciso continuar para se chegar a outro lugar.
É como uma dose de conhaque que desce quente e doce em sua garganta, queimando o interior e agitando sua cabeça por alguns instantes, e que depois a faz pedir por mais uma, ao invés de parar. É como a brisa do pôr do sol de domingo que lhe arrepia a pele, bagunça os cabelos e faz esquecer a semana difícil enfrentada.
Um mulherão desses, meu amigo! Onde mais você vai encontrar?
Não é em toda esquina que se topa com uma dessas que voa com os pés no chão e caminha enquanto flutua.
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Ela é a mistura de todas as cores formando um universo no olhar e o encontro de vários rios, desaguando uma imensidão em forma de alma. Ela é a melodia que compõe a vida que exala de seu caminhar e a luz que ilumina os pensamentos escuros dos que a cercam.
Uma menina, uma moça, uma mulher, um mulherão! É tudo o que quiser ser, pois dentro de si carrega anos marcados por histórias e aprendizados. Ela é o reflexo de suas ações, por isso, se tiver medo da verdade, não converse olhando em seus olhos.
Ela é a frieza da saudade causada por sua ausência e a delícia de ter o corpo envolto por braços pequenos, porém firmes.
Um mulherão desses não se vê caminhando pelas ruas todo dia. É praticamente um livro de histórias sobre pernas, ou um prédio repleto de vidas que carrega nos ombros uma bolsa e o peso do mundo. É a elegância de uma bailarina e a rispidez de um militar juntas, formando um tipo de mulher-maravilha, ou de She-Ra, não sei. Mesmo elas teriam algo a aprender com seus pensamentos sobre o cosmos.
Mas, mais que qualquer coisa, ela é amor e transborda paz. Ela é a riqueza de poder descobrir cada cantinho do mundo e saber disso.
Ela é a certeza de que a vida pode dar certo e a energia de ouvir sua música favorita tocar sem ser pedida. Ela é meio louca, sim, mas isso é exatamente que a faz ser um mulherão desses, moço!
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