Uma coisa que ninguém lhe diz é que no início de uma paixão vocês são uma farsa. É, eu estou dizendo isso mesmo. Que atire a primeira pedra na minha janela aquele que for verdadeiramente quem é nas primeiras impressões. Já imaginou se eu, como a Doida Do Casamento que eu sou, dissesse logo de cara “Meu nome é Samantha e eu quero casar em, no máximo, 3 anos. E aí, tá preparado?”
Eu nunca fiz isso, digo, de forma tão direta assim, pelo menos. Na verdade, sim, eu falo umas coisas sem noção desse jeito, mas não confronto as pessoas e nem lhes dou a oportunidade de sair correndo.Provavelmente, se eu fosse questioná-las com tanta honestidade seguraria uma faca só por precaução. E uma corda, só por precaução. E também um sonífero, você sabe, por precaução. Mas a questão é que nem sempre eu sou parâmetro, motivo pelo qual me pergunto todos os dias porque as pessoas me dão ouvidos.
Pessoas normais camuflam seus gostos, gestos, até sotaque, mas principalmente seu passado. É como aquele filme “A Orfã” que se você não assistiu, eu vou contar o final agora, então, prepare meu vodu pra essa noite. Conta a história de uma garota que vive em um orfanato e é adotada por uma família e, aparentemente, ela é apenas uma menininha problemática com um olhar de demônia e roupas da Vandinha Adams, sendo que no final do filme a gente descobre que ela tem, sei lá, 40 anos?! E parece e age como uma criança. Ou seja, aplicando isso na vida real, como já dizia o lema da TNT “Acontece nos filmes, acontece na vida”, na forma mais simples do mundo: nem tudo é o que parece. Para causar uma boa impressão até atingir seus objetivos as pessoas são capazes de tudo. No entanto, as máscaras caem, disso todo mundo sabe.
Seria uma hipocrisia da minha parte começar dizendo: seja você mesmo. Não, não é nesse ponto que eu quero chegar. Inclusive porque, se esconder na fase inicial da paquera não deixa de ser uma forma de se proteger, uma autodefesa. Você não quer estar vulnerável frente ao outro, não quer sequer imaginar o que aconteceria se ele soubesse um de seus pontos fracos. Infelizmente, tem pessoas que não se importam em machucar as outras se isso estiver diretamente ligado com seu próprio prazer. Francamente, tenho fobia à egoísmo. Quem só preocupa-se consigo está fadado a uma vida inteira de solidão; não tem pior castigo.
A verdadeira questão por trás disso é que se você procura alguém pra não contar nenhuma de suas histórias, então é porque não se orgulha delas e, principalmente, da pessoa que elas te tornaram. Cada erro, cada tropeço, cada vacilo, cada escolha impensada, precipitada que aconteceu, talvez, não tenha sido de fato por algum motivo divino, mas de qualquer forma ajudaram a ser quem você é hoje. Tenha orgulho disso, de si mesma.
Arrisco até a dizer que, francamente, agradeça por isso. Sua coleção de tapas na cara, de asas cortadas, de corações partidos e de não’s ouvidos. Tudo isso foi essencial pra você ter mais do que histórias pra contar e, sim, experiências pra dividir. Abomino a perfeição e a forma como ela nos faz pensar que não precisamos evoluir. Claro que precisamos, sempre precisaremos!
É por isso que gratifico o erro, é do mal feito, desfeito e bem feito que eu gosto. É da contradição das palavras, do desacordo dos corpos. Eu acredito cegamente na evolução de duas pessoas dispostas, não opostas. Dispostas. Não é escondendo seu passado que isso te fará melhor, nem encobrindo suas piores gafes ou omitindo seus verdadeiros sonhos. Tudo que você viveu, bem ou mal, te fizeram ser o que é: completa. Você não precisa da autoafirmação das palavras dos outros, você não precisa de parabéns vindo de estranhos e de reconhecimentos regado à inveja. Satisfação consigo é a superação da alma contra à vida. Contra todo contratempo, você venceu.
Sendo assim, procure alguém que ria com você dos seus momentos mais constrangedores, alguém que surpreenda-se com sua coragem, que motive-se com seus medos superados. Alguém que vai ouvir de forma compreensiva e, não, julgadora, todas as desventuras que até Deus duvida que tenha passado. Procure alguém que esteja ciente de suas melhorias e que saiba, acima de tudo, que não vai ser a sua metade; você não precisa.
E se um dia quando chegar à encontra-lo se ver sem ter o que contar, sem ter lhe sobrado uma historiazinha sequer, você vai saber que é ele. Aquele que te conhece melhor do que si mesma e que não espera de ti contos de heróis e princesas, não espera de ti posturas imaculadas e gestos honráveis. Aquele que aprecia estar contigo de verdade. E que vai aproveitar o que você tiver de melhor a oferecer mesmo com cabelos brancos e rugas que surgiram do nada; ele vai estar lá.
Porque não é de aparências que vocês se fortaleceram, não foi por causa de muito ou pouco dinheiro. O tempo foi um aliado, mas a sinceridade, ela sim, foi o pilar da relação. Você vai saber quando encontrar alguém pra quem contar todas suas histórias, porque não vai precisar fingir.
Fonte: Escrito por Samantha Silvany via Bendita Cuca