A missão de oferecer uma segunda chance para animais tornou-se central na vida da médica veterinária e zootecnista Maria Angela Panelli. Por meio de técnicas que ela desenvolveu, consegue preservar a vida de animais resgatados em situações que, normalmente, resultariam em sacrifício.
Panelli deu início à sua carreira como zootecnista em Goiás (GO) e recentemente inaugurou uma clínica em parceria com outra veterinária, estabelecendo uma condição: a colega veterinária deveria esterilizar todos os animais de rua que pudessem ser ajudados.
Tudo transcorreu sem problemas, mas apenas por três meses, quando a veterinária quebrou o acordo:
Meu sonho foi por água abaixo, eu chorei muito, fiquei chateada. Mas, hoje, eu entendo que essa moça me deu aquele pontapé no traseiro que me mandou para frente, porque, a partir daí, eu resolvi fazer veterinária e eu mesma castrar os animais de rua relata ela em uma entrevista exclusiva ao portal Terra.
E ela fez muito mais do que isso. Maria Angela estima ter ajudado mais de 10 mil animais ao longo de sua carreira.
“Quando eu me mudei de Goiás para Barretos, a polícia ambiental começou a me procurar com muita frequência para eu ‘eutanasiar’ animais que eles resgatavam”.
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Os animais chegavam para Maria Angela feridos, alguns sem parte do bico, com patas ou asas quebradas.
Apesar dessa situação, ela se negou a sacrificar os animais:
Eu pedia a eles autorização para que eu usasse meus conhecimentos de ortopedia para tentar salvar esses animais. Essa autorização foi concedida e foi aí que tudo começo conta a veterinária, acrescentando que grande parte dos custos é financiada por ela mesma.
Conhecida como ortopedista animal, a veterinária já tratou várias espécies, mas são as próteses em aves que mais se destacam.
A gente faz um planejamento clínico ou cirúrgico, dependendo da necessidade, pra deixá-lo em condições de ter uma vida confortável esclarece.
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Dessa forma, maritacas podem receber próteses no bico, por exemplo. Os materiais utilizados são variados. Os animais que são beneficiados com peças metálicas não podem ser soltos na natureza, pois correm o risco de serem predados por outros animais.
Por isso, eles são encaminhados para santuários ecológicos, zoológicos ou ONGs.
A durabilidade das próteses pode variar de alguns anos, para aves que se alimentam de sementes, até a vida toda, no caso de pássaros que se alimentam apenas de carne.
Sinto uma satisfação imensa em poder devolver a possibilidade de vida boa para um animal partindo da premissa de que a vida importa para qualquer ser. Então, se a minha vida é importante para mim, qualquer ser quer viver. Antes de ser veterinária, eu amo os bichos. Depois, eu sou veterinária finaliza.