Jakub escolheu arriscar a própria vida para resgatar e preparar animais que estão em solo ucraniano para adoções.
O mundo assiste com aflição o conflito armado entre a Rússia e a Ucrânia, que teve início oficial no dia 24 de fevereiro deste ano. Desde então, o número de vítimas civis, segundo dados do Rastreador Global de Conflitos, chega a 2.685 pessoas, mas especialistas acreditam que pode ser muito maior.
Mais de 4,1 milhões de pessoas fugiram da Ucrânia em busca de refúgio em outros países, temendo pela sua segurança e a de suas famílias. Mas a cobertura midiática, e os investimentos oferecidos pelos Estados Unidos ao país de cerca de R$ 5 bilhões apenas no ano passado, fazem com que o conflito tenha se tornado mais visível que os demais que acontecem atualmente pelo mundo.
Enquanto muitas pessoas tentam escapar – e até perdem a vida tentando, Jakub Kotowicz, de 32 anos, optou por fazer o contrário. O polonês saiu de seu país para ir em direção à guerra, com o principal objetivo de salvar animais que estejam em situação de vulnerabilidade na Ucrânia. Sempre que um conflito, guerra ou tragédia estoura em uma região, a população acaba abandonando os animais, deixando-os à própria sorte.
Pensando nisso, segundo reportagem do tabloide britânico Metro, o veterinário Jakub escolheu realizar comboios de salvamento em diversas cidades da Ucrânia, pegando rotas extremamente perigosas ao lado de animais estressados, famintos e, muitas vezes, feridos. Na última quinzena, ele chegou a salvar cerca de 200 gatos e 60 cães, em Lviv, em três comboios.
Em suas redes sociais, o veterinário compartilha um pouco de sua rotina, já tendo resgatado um cachorro que estava com uma bala alojada na coluna, uma cabra pigmeu que não conseguia andar por conta de uma doença, um gato Sphynx apaixonado por carinho e um filhote de Chihuahua que estava acompanhado de sua mãe.
Infelizmente, ao longo dos salvamentos, Jakub acaba se deparando com animais tão debilitados que se torna impossível mantê-los vivos. Segundo o veterinário, apenas em casos de extremo sofrimento, considerando as condições atuais de guerra em que o país se encontra, ele e sua equipe optam por sacrificar aqueles que vão sofrer em demasia, sem chances de permanecerem vivos.
Ainda assim, essa não é a primeira escolha do veterinário, que organizou um processo de reabilitação intensivo, realocando os animais em novas casas por toda a Europa, além de reunir alguns com seus tutores ucranianos. A cabra pigmeu chamada Sasha, tem dois meses, e possui um gravíssimo problema nas pernas, mas ele e os veterinários escolheram mantê-la como mascote da Fundação ADA, instituição de caridade de resgate de animais que Jakub fundou quando tinha apenas 17 anos.
A ADA também possui uma clínica veterinária particular na Polônia, mas como é uma organização sem fins lucrativos, acaba dependendo majoritariamente de doações. Mas o local conta com entusiastas que realmente se preocupam com a saúde e o bem-estar dos animais, Nick Tadd, por exemplo, escolheu deixar Surrey, condado na Inglaterra, para auxiliar nas missões ao lado dos veterinários.
Ele ainda arrecadou mais de R$ 364 mil, e o dinheiro vai servir para que a organização adquira mais uma ambulância, além de adaptar uma pizzaria da região em um abrigo para os animais resgatados na Ucrânia. Todos aqueles que simpatizam com os esforços de Jakub e sua equipe, estão sendo encorajados a realojar um animal de estimação polonês, assim eles abrem espaço para que os animais ucranianos tenham onde ficar para sua recuperação.
Isso porque, de acordo com Jakub, os animais que são salvos normalmente estão debilitados, e por isso podem acabar ficando com eles por cerca de dois ou três meses, até que recebam alta. A ADA também conta com uma inovadora instalação para cães, que eles chamam de “vila de cães”, espaço em que eles podem se acostumar com os tradicionais móveis de uma casa, enquanto os futuros tutores os monitoram.
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Mas não foi apenas Jakub ou Tadd que escolheram deixar a segurança de seus países para ajudar os animais na fronteira ucraniana, voluntários da Dinamarca, Canadá e Estados Unidos, além de pessoas que se deslocaram por conta própria, também foram até o local. Muitos sequer fazem planos de voltar para suas casas, porque sentem verdadeiramente a necessidade de ajudar como podem.