Depois da crise vem à consciência do quanto à gente se diminui quando estamos depressivos. Coloquei-me nos textos anteriores como uma louca, surtada e sei que não sou. A depressão que me faz enxergar assim.
O surto depressivo nada mais é que o ápice de uma confusão de pensamentos, onde predomina os pensamentos ruins. Eu não sou louca, eu pareço louca e acredito que todos me olham assim quando tenho os surtos.
A visão que tenho hoje de mim é de uma pessoa tranquila, animada, alegre, divertida que ama escrever e ler e adora estar com os amigos. Essa é a Babi que eu sempre fui. A depressão que me faz ter um olhar medonho sobre mim. Como se eu fosse culpada por tudo de ruim que acontece na vida dos outros, como se não merecesse a confiança de outras pessoas, penso que a pessoas me acham frágeis e por isso me escondem coisas importantes ou ainda me enganam.
A visão depressiva precisa ser controlada. Porque ao me apegar nessa visão eu passo isso para as pessoas com minhas atitudes. Quem está perto me vê como uma pessoa fechada, bipolar e neurótica porque os meus pensamentos fazem com que eu me comporte dessa maneira, mas essa não sou eu. O controle da mente é difícil porque não podemos misturar os problemas e pensamentos. Não podemos prever o futuro nem nos julgar o tempo todo.
É importante que eu anote e reveja a minha visão de mim. Assim eu consigo me conhecer melhor e me ajuda a identificar aquilo que não é real, aqueles pensamentos que a depressão fazem com que eu tenha para me deixar para baixo e prostrada.
Me perdi durante muito tempo achando que eu estava lutando contra a depressão ficando mais feliz ou fazendo coisas que me deixavam alegres, mas isso só faz com que eu tenha momentos alegres e não me tira do quarto escuro que a depressão me faz ficar. E quando volto para casa, a porta do quarto se fecha e eu não consigo mais perceber o que aconteceu de bom ou eu menosprezo.
Hoje sei que a luta com a depressão é alterar a visão eu tenho de mim. saber quem eu sou e não importam o que todos digam e até minha mente sugestione, ter a certeza e segurança que não sou assim.
É muito difícil chegar nesse nível e eu ainda não consegui. O que eu consegui foi perceber por onde caminhar e o que fazer para sair do quarto escuro. Eu preciso me conhecer para que assim controle meus pensamentos ruins. Porque esses pensamentos não são meus. São coisas que eu acredito ser verdade sobre mim, mas são visões e outras pessoas sobre a Babi: uma pessoa depressiva.
Tenho certeza que assim que eu começar a ter uma visão mais realista de mim não importa o que falem, o que sugiram ou o que minha mente me induza a pensar eu vou ser somente aquilo que sei que sou. O processo parece fácil quando se fala, mas só quem teve ou tem depressão pode entender o nível de dificuldade contida nele.
Uma vez meu namorado me mandou uma mensagem dizendo que desejava que eu pudesse me ver como ele me via. Hoje sei o que ele quis dizer. Eu não me via como ele havia me conhecido. Eu me vejo bem pior. Claro que a visão dele também não é a mais sincera e sim a visão apaixonada. A minha visão que é importante e é ela que conta para meus hábitos e atitudes. É atrás dela que eu tenho que ir. Só eu posso me tirar de onde me coloquei e a depressão é somente uma coisa que eu criei e crio dentro da minha cabeça para me manter lá.