Você tem a tendência de responder às situações de frustração, as situações ruins inesperadas com agressividade ou com raiva?
A raiva é muito reprimida na nossa sociedade, sendo vista como uma emoção ruim. Mas ela é uma emoção básica do ser humano, o modo como a gente a desenvolve, a utiliza no nosso cotidiano é que determina se ela vai ser ruim ou não, para nós e para o outro.
Vou fazer algumas perguntas para ver como você reage às situações. Se você reage com descontrole, com a raiva na sua forma negativa, ou não.
1. Você se irrita com facilidade frente às situações que não estão nos seus planos, com acontecimentos inesperados?
2. Quando você tem uma frustração muito forte, você tem uma tendência a xingar a falar palavras pouco agradáveis para as pessoas, a descarregar a sua raiva, sua frustração no outro?
3. Você já teve vontade de bater, ou já bateu em alguém, ou em alguma coisa, ou chutou ou socou alguma coisa durante, ou depois de uma situação ruim acontecer?
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4. Quando você fica com raiva, fica com o rosto vermelho, as pernas tremem, tem alguma reação orgânica bastante forte?
5. Quando fica com raiva você reage às críticas de uma forma geral com muita irritabilidade, com muita defesa, com muita a reatividade?
6. Você se irrita com facilidade com pessoas que tem ritmo diferente do seu? Por exemplo, se a outra pessoa que trabalha com você é mais lenta no raciocínio, ou se é muito rápida, muito ansiosa você se irrita?
7. Você rebate imediatamente? É do tipo bateu, levou?
8. Você gosta de ter a última palavra?
9. Você é do tipo que não suporta esperar?
10. Parece estar sempre tenso, indignado com algo?
Se você respondeu a pelo menos metade, ou mais, das perguntas com SIM, então você reage a frustração com raiva e de uma forma, vamos dizer assim, não muito adequada.
A raiva é uma emoção que surge como uma reação a um obstáculo que aparece, mobilizando nossa energia para superá-lo. Ela é importante para nós, porém, quando não é bem canalizada, pode devastar nosso sistema imunológico e, também, temos mais riscos de sofrer um acidente cardiovascular. E isso tem uma explicação: a raiva mobiliza energia e prepara o corpo para agir, o que faz liberar gordura no sangue para queimá-la e, se não se queima através de alguma ação, ela pode alojar-se nas paredes das artérias. Períodos prolongados aumentam o risco de infarto ou AVC.
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O importante é a gente saber o que nos causa raiva, quais nossas reações e prevenir. Porém, quando ela acontece, não podemos explodir, nem implodir, o importante é expressar.
Quando a gente está com raiva, quando ela já está instalada e, a gente percebe, podemos sair um pouquinho do ambiente. Podemos nos trancar no banheiro para respirar e tirar o foco daquilo que está incomodando, podemos dar uma caminhada, podemos sair e beber água, sempre prestando atenção na respiração, procurando baixar o ritmo de respiração agoniado, alterado, acelerado.
Melhor ainda, se pensarmos mentalmente em alguma coisa que nos acalma, em conjunto com a respiração, aí sim o organismo começa a voltar ao normal com maior facilidade. Por exemplo pensar em borboletas me acalma, pensar numa flor muito bonita me acalma, pensar numa cor tranquila me acalma. Então, você tem que encontrar a mentalização que acalma você. E aí vai respirando e ao mesmo tempo mentalizando, enquanto for tomar água, enquanto for se trancar no banheiro…
E, se você tem que continuar na frente da pessoa, ou da situação que causou essa alteração, o que fazer? Podemos continuar olhando para pessoa e procurar internamente fazer esse exercício: olhando para pessoa, pense em alguma imagem que acalma, em alguma situação anterior que trouxe muita alegria, um passeio bem legal que traga lembranças agradáveis. Sabe a razão? Quando a gente traz lembranças agradáveis a memória das nossas células traz novamente a sensação agradável vivida lá atrás.
Outra dica importante para lidar com a raiva, é a gente pensar nessa situação que nos causou raiva sob outro ângulo de visão. Por exemplo, se um amigo me disse uma coisa que eu não gostei e fiquei com muita raiva, vou começar a pensar mentalmente o que isso está me trazendo como crescimento. Avaliar a situação por outros ângulos de visão faz com que a gente saia daquele estado momentâneo de raiva.
E se a gente perceber que vai ficar com raiva e ainda dá tempo de não ficar, então podemos pensar a situação de outra forma, tentar levar para um lado mais engraçado. Pensar: porque esse evento está me trazendo raiva? Será que não estou avaliando errado? Posso tentar ver de forma mais amena, mais engraçada. Podemos desviar o assunto, pedir para ir ao banheiro. Podemos procurar evitar que a raiva se instale.
O mais importante sempre é aprender com os acontecimentos e procurar ver o lado positivo das situações!
E como reflexão final sobre a raiva, vamos a história: Viver como as flores
Em um antigo mosteiro budista, um jovem monge questiona o mestre:
– Mestre, como faço para não me aborrecer? Algumas pessoas falam demais, outras são ignorantes, muitas são indiferentes. Sinto ódio das mentirosas e sofro com as que caluniam.
– Pois viva como as flores, orientou o mestre.
– E como é viver como as flores? – Perguntou o discípulo.
– Repare nas flores – falou o mestre, apontando os lírios que cresciam no jardim. Elas nascem no esterco, entretanto, são puras e perfumadas. Extraem, do adubo malcheiroso, tudo que lhes é útil e saudável… Mas não permitem que o azedume da terra manche o frescor de suas pétalas. É justo inquietar-se com as próprias imperfeições, mas não é sábio permitir que os vícios dos outros o perturbem. Os defeitos deles são deles e não seus. Se não são seus, não há razão para aborrecimento. Exercite, pois, a virtude de rejeitar todo mal que vem de fora. Isso é viver como as flores.
Vamos então começar a lidar com nossa raiva de forma diferente! Com certeza isso vai nos trazer muito maior bem-estar.
Grande abraço!
Isabel