Não existe nada mais autêntico, sagrado e espontâneo do que a capacidade de doação. Um grande amor só acontece quando você é capaz de pertencer e se doar.
Não existe nada tão mágico e misterioso como pertencer a uma pessoa, o grande problema é que a palavra pertencer, com o tempo, foi tomando o sentido de posse, e as pessoas se perderam no amor.
Dizer “eu te pertenço” vai além de dizer “eu te amo”, significa que você se doa livremente para a outra pessoa. Não existe nada mais autêntico, sagrado e espontâneo do que a capacidade de doação. Um grande amor só acontece quando você é capaz de pertencer e se doar.
Não se trata de uma ideia carnal de corpos e de intensidade de momentos, trata-se das sutilezas mais íntimas que duas pessoas podem alcançar.
Pertencer a alguém tem tudo a ver com intimidade, companheirismo, liberdade e autenticidade.
Para se doar para o outro, primeiramente você se doa para si mesmo, se pertence, entende qual é a música que dança nesta vida, e passa a dançar com uma propriedade tão sua que não só o complementa, mas transborda de você. E é nesse ponto de transbordar que você está pronto para doar.
A doação só é possível quando alguém entende o ritmo da sua música e, nesse caso, poderá ser inteiramente autêntico, e alguém autêntico pode pertencer a outro alguém com liberdade.
Eis aí algo extraordinário, quando o amor acontece em toda a sua propriedade. Pertencer é compartilhar, você divide cada sentimento, com a certeza de que o outro está pronto para recebê-lo. Então é criado um universo de reciprocidade e companheirismo.
Poucas pessoas vão alcançar esse tipo de amor; elas preferem possuir do que pertencer a outra pessoa, enganar-se a amar, maltratar-se a conhecer-se.
Para essa espécie de amor nascer, o ser humano tem de enfrentar duas barreiras muito difíceis: mostrar-se vulnerável para si mesmo e mostrar-se vulnerável para a outra pessoa.
Direitos autorais da imagem de capa: Joanna Nix/Unsplash.