Todos nós já fomos rejeitados em alguma altura da nossa vida. Eu mesma vivi várias vezes a rejeição por parte dos outros.
Se a rejeição aconteceu enquanto crianças ou jovens é comum abandonarmo-nos em troca de amor e de aprovação. Somos crianças, precisamos dos outros para sobreviver e essa é uma forma de nos protegermos.
No entanto, enquanto adultos continuamos a viver a rejeição do mesmo modo. Teimamos em
olhar para a vida sob a perspectiva desta criança que um dia foi rejeitada. Somos adultos, mas é a criança confusa e assustada que habita em nós que dita a nossa vida. Reagimos através da
dor dela, projetamo-nos através da raiva dela e através do primeiro abandono dela continuamos a abandonarmo-nos.
Cabe então aqui perguntar: afinal quem rejeita quem? São os outros que te rejeitam ou os outros que espelham a tua própria rejeição? E, quem afinal eles rejeitam? É a ti que eles rejeitam ou a eles mesmos, fruto da sua própria rejeição?
Descobri que a rejeição é uma questão de perspectiva e uma excelente oportunidade para nos abraçarmos a nós mesmos.
A opinião dos outros pode ser desconfortável, mas o nível de desconforto está relacionado com o nível de entrega e de aceitação a ti mesmo. Se te aceitas, te aprovas ou te amas pouco a
opinião dos outros vai provocar-te resistência, dor, agressividade ou uma atitude de superioridade que esconde a tua fragilidade.
A opinião dos outros torna-se confortável quando não a sentes como pessoal e compreendes que o fato de estares a ser rejeitado não significa que és errado, falho ou inadequado.
Significa apenas que não podes agradar a todos.
Quando não tens necessidade de agradar a todos porque te agradas és uma pessoa livre, calma e tranquila e é dessa forma que lidas com a rejeição. Agradecendo a presença do outro
com humildade e simpatia, sem a necessidade de ter razão e de lhe agradar ou conquistar o seu agrado.
Olhar para a rejeição desta forma dá-te a possibilidade de assumir responsabilidade pela tua vida, pela tua mudança e para ser pai e mãe da tua criança que ainda continua assustada.
Protegendo-a, acarinhando-a e sobretudo não deixando que ela continue a abandonar-se a ela mesma.
Compreendendo a tua natureza compreendes a do outro e mais facilmente consegues vê-lo a ser apanhado na sua própria dificuldade em lidar com uma parte de si mesmo. Desta forma, há espaço para ver que quem está ali é a criança e trazer alguma compaixão à situação.
Na verdade, vais começar a constatar que tu não recebes “não”, recebes espaço e é estar nesse espaço que dói após aquilo que chamas de rejeição.
Se te continuares a abandonar, tal como a tua criança fazia quando não tinha outro meio de sobreviver ou se encheres esse espaço com algo fora de ti – o consumismo, o sexo, a droga, o álcool, as festas e as máscaras que colocas, este espaço vai continuar vazio e tu vais continuar a identificar-te com a parte ferida de ti.
Se não te abandonares, te abraçares e começares a encher esse espaço de amor por ti vais aceitar a fluidez da vida, das pessoas, das coisas e lidarás bem com outra opinião. Dessa forma, vais ter uma vibração positiva e vais atrair coisas melhores para ti, porque têm a mesma ressonância.
Constatarás que os outros são mestres porque te levam ao encontro da tua essência, aquela que se honra, se aceita e que é capaz de sentir compaixão.
Tu fazes parte do Universo e se existes és necessário. O universo sem ti não seria tudo o que ele é. E, se ele te deu vida porque te acha essencial, quem és tu para achar o contrário? Quem são os outros para achar o contrário? Porque te preocupas com os outros e com a sua própria paranoia de lidar consigo mesmos?
Entende que isso ainda é a tua criança que não quer assumir a responsabilidade. A responsabilidade para ser autêntica e ser tudo o que ela é.
Para seres aceite por quem és, vais ter que te mostrar como és e lidar com a tua maior ou menor falta de compromisso em expressar a tua verdade, que os outros vão continuar a espelhar.
Aprende com todas as oportunidades de rejeição e aproveita-as para te aprovares sem culpa ou vergonha, porque a inovação que o mundo precisa vem da tua autenticidade.
Quebra o ciclo da tua vida e para de atrair problemas. Conseguirás isto quando rejeitares tudo exceto a ti mesmo.