O amor que nos mantém de pé. Amar a vida e tudo o que nela há de vivo é nosso princípio de todo o resto.
E se por aqui algo faltar, porque você e eu e todo mundo estamos afeitos a sofrer a falta de tudo quanto há, é certo que não vai nos faltar amor. Porque é o amor que nos mantém de pé. Amar a vida e tudo o que nela há de vivo é nosso princípio de todo o resto.
O amor por nossa gente, nosso ofício, nossos sonhos, o amor que nos empurra para a frente e nos mantém em movimento. Limpos e ativos seres que vivem e que amam! Ninguém sabe, mas aqui há de faltar trabalho, dinheiro, comida, paciência, remanso, simpatia. É da vida.
Os tempos não andam lá tão suaves. Há de faltar de tudo uma hora e outra. Até a nossa alegria. Ninguém sabe. Mas ainda que falte humor, não há de faltar amor.
Esse amor que enfeita os nossos dias e alimenta nossa esperança. O amor que sustenta as nossas pernas, esse amor uns pelos outros que vai nos manter no prumo.
Aqui o amor há de sobrar e se esparramar pelas ruas vizinhas. O amor vai sair de nós em espirros de ternura e contagiar quem estiver perto, ainda que distantes.
Nossos sintomas amorosos hão de se espalhar no vento e se reproduzir por todo canto, pegar nas roupas e nos cabelos de toda gente. Vão grudar nas solas dos sapatos dos pedestres, invadir os veículos motorizados e as casas fechadas. Infestar as quarentenas de afeto e compreensão, benquerença e amizade, carinho e perdão.
De um dia para o outro, em ampla e irresistível explosão exponencial, o planeta inteiro estará contaminado. Doente de amor irremediável.
E então os infectologistas e outros médicos de toda ordem, autoridades sanitárias e governos do mundo, órgãos internacionais de controle e seus especialistas cairão rendidos, entregues à realidade irremovível e peremptória: o amor é contagioso e contra ele não há cura.
Estaremos todos condenados a nos amarmos uns aos outros para sempre.
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