Sabem quando olhamos para a nossa volta e descobrimos que não estamos nem vivos e nem mortos… a linha se situa no meio. Aos vinte e nove anos de idade e com poucos anos de vida (depois explico essa diferença) eu não tinha nada, porém, segundo a sociedade, eu já tinha alcançado quase tudo o que um jovem pode desejar, ou seja, um bom emprego, uma vida saudável, um relacionamento. Tinha a vida perfeita!
Só que isso não é tão linear assim, parceiro(a).
À medida em que a porta dos trinta abria-se a minha frente, mais insatisfeita eu estava com o que via a minha volta e dentro de mim.
O emprego, ótimo para pagar as contas, sabe, mas péssimo para sorrir no fim do dia.
O namoro, a melhor comparação possível seria a esperança de ver a chaleira aquecer com a ficha fora da tomada. O pior é que eu não sabia, ou preferia não saber, sei lá.
A saúde física estava ótima, a saúde mental ia se ajeitando com a boa e velha amiga depressão. Estava tão acostumada que se ficasse muito tempo sem ela, eu procuraria um motivo só para tê-la de volta.
A família, essa estava, como sempre, vivendo uns perrengues aqui e ali. Uma casa cheia (12 pessoas), muito barulho, mas sem comunicação.
Eu não estava viva, eu estava robotizada. Sabia que tinha que respirar, comer e conduzir-me para o trabalho. Não encarava os problemas da relação porque esta era à distância (isso é um outro tema para outro dia).
Quando a minha sobrinha, que vi nascer e crescer, ficou noiva, aí o parafuso soltou de vez a tampa.
Eu literalmente parei. Com a vida e com tudo. Tomei a decisão de resolver os meus problemas sozinha. Sem autopiedade ou a piedade dos outros.
Nesse instante eu tomei algumas decisões:
1. Ter um cão – que hoje é o amor da minha vida.
2. Sair de casa, para longe mesmo.Para algum lugar em que a família teria dificuldades em visitar com frequência.
3. Começar vários cursinhos, desde dança até esportes radicais (ainda trabalhando na parte dos esportes radicais).
E, finalmente, os trinta chegaram. Fiel ao grupo de amizades que carreguei a vida toda, a maior parte casados, afastaram-se para o novo ciclo. Novas amizades foram firmadas e momentos inusitados. A relação foi abandonada.
Uma coisa que aprendi durante o ano foi que aos chegar aos trinta não precisamos ter a vida toda arrumada, ou seja casa, marido, filhos e viagens fantásticas. Para muitos de nós, meros mortais, a ordem dessas coisas fica meio perdida. É preciso aprender a dar o devido valor ao que se tem, e não chorar muito com o que ainda não está no pacote. Outros nem ligam para essa ordem (sortudos).
Tem dias em que a força de lutar para o que se quer é maior, porém, naqueles dias em que a rotina se instala, amigo(a), vamos aproveitar para fazer planos, mirabolar esquemas para realmente estarmos vivos. Sentir cada batida e cada tristeza ou alegria que ainda está por vir
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