A substância é produzida pelo próprio alimento exposto a altas temperaturas, e muitas pessoas ficaram na dúvida se a fritadeira auxilia nesse processo ou não.
Sempre que um eletrodoméstico é inventado utilizando formas de esquentar, de cozinhar ou de acondicionar os alimentos, causa uma série de dúvidas na população. Sem saber como a tecnologia funciona, alguns mitos costumam aparecer, e o câncer está envolvido na maioria deles. Foi assim com o micro-ondas, desenvolvido na Segunda Guerra Mundial, responsável por deixar todos com grandes interrogações na cabeça.
Desta vez, quem está causando preocupação no mercado é a air fryer, a fritadeira elétrica mais querida do momento, que modificou a forma como muitas famílias estão preparando seus alimentos. Sob o pretexto de ser “mais saudável”, por praticamente não levar óleo no preparo dos pratos, o item se tornou indispensável na cozinha das residências do mundo inteiro, com direito a pessoas fazendo até ensaios fotográficos abraçadas a suas fritadeiras ou receitas inusitadas, que chocam as redes.
Mas esse amor todo não é capaz de destruir as dúvidas sobre o funcionamento do aparelho, e recentemente os rumores de que a fritadeira produz uma substância cancerígena enquanto cozinha os alimentos, tomou conta de fóruns e perfis curiosos. Mas afinal, a air fryer é capaz de fazer com que os alimentos tenham potencial cancerígeno ou não?
São muitas as matérias e artigos que abordam o assunto, e especialistas alertam para possíveis sinais de acrilamida, uma substância cancerígena formada pelo excesso de cozimento e fritura dos alimentos. Segundo reportagem da BBC, a acrilamida foi incluída na lista de substâncias potencialmente perigosas à saúde em 1990.
A acrilamida é produzida pela própria comida quando ela passa por processo de torra excessiva ou de fritura, e pode ser encontrada no café, em bolos e biscoitos, pães e torradas e na batata frita, principalmente quando esses alimentos passam do ponto e chegam perto da coloração caramelo ou mesmo queimada. Ela é produzida pela combinação de água, açúcar e aminoácidos sob altas temperaturas e mudam a coloração dos alimentos.
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As cientistas e pós-doutoras Ana Bonassa e Laura Marise produziram um vídeo sobre o assunto, explicando cientificamente como a air fryer funciona e se tem potencial ou não para causar câncer. Basicamente, a fritadeira aquece os alimentos por convecção, processo semelhante ao do forno elétrico, pelo movimento do ar. Ou seja, o aparelho aquece e faz o ar girar rapidamente, o que faz com que os alimentos sejam cozidos.
Causa ou não causa?
Como a acrilamida é formada por alimentos ricos em amido cozidos, torrados, grelhados ou fritos em alta temperatura até ficarem com a coloração marrom escuro, podem existir riscos de câncer. Ou seja, caso o seu alimento passe do ponto, podem existir chances de ele ter produzido a substância, o que indica riscos de ter câncer, mas nada conclusivo.
Nas quantidades que consumimos os alimentos, não existem evidências de que causam câncer, por isso a air fryer pode sim ser uma alternativa mais saudável do que fritar por imersão. Se pensarmos que ela é igual a um forno — apenas mais rápida —, podemos compreender que não existem riscos substanciais no preparo das refeições, mas isso não significa que podemos relaxar.
Como a fritadeira tem a fama de ser “saudável”, muitas pessoas consomem embutidos e ultraprocessados com mais frequência, alimentos que, por si só, são os vilões da alimentação saudável e que têm grande potencial para causar câncer. Outra coisa para o que precisamos alertar é com a higiene do aparelho, principalmente porque, em muitos casos, as pessoas deixam passar vários usos até lavá-lo, o que faz com que fragmentos de comida fiquem torrados e assim podem conter a acrilamida, por isso devem ser retirados do cesto.