Apegar-se ao que é mutável é a chave da frustração.
Quando algo que um dia já foi “nosso” precisa ir embora, precisa acabar, o sentimento de devastação permeia todo o nosso corpo e afeta diferentes áreas da nossa vida. Tristeza, desmotivação, frustração, receios, medo do desconhecido e inúmeras perguntas sobre o que fazer dali em diante. Será que encontrarei outro trabalho melhor do que esse? Será que encontrarei um amigo tão fiel quanto esse? Será que encontrarei um amor tão intenso? Quantas perguntas e dúvidas rodeiam os nossos pensamentos, quantos sentimentos receosos cercam nosso coração, fazendo nos sentir frágeis e nos levando a nos confrontar com inúmeros medos e questionamentos.
Há de se compreender que, no Universo, nada é fixo nem permanente, tudo está em constante mudança, em constante mutação e em constante evolução. Apegar-se ao que é mutável é a chave da frustração. Precisamos caminhar em direção ao reconhecimento de que, neste plano, não temos coisas, estamos com coisas, temporariamente. Não possuímos pessoas, estamos ao lado delas, temporariamente. E assim é com tudo ao nosso redor.
Tome como exemplo uma bela flor. Se você a possuir, se a arrancar, você a matará, mas se a contemplar e cuidar dela com todo o seu amor, ela estará com você, temporariamente, exalando toda a sua exuberância, fragrância e beleza. Porém da mesma forma, em algum momento, ela irá murchar, perder a cor e suas pétalas, sem cor, cairão ao chão. Um ciclo se encerra. Nada você poderá fazer para impedir. Porém logo depois, há um renascimento, outra bela flor surge em seu lugar e o ciclo todo começa outra vez. O reflorescer acontece.
Tudo está em constante mudança, em crescimento em direção ao seu estágio final, só o nosso ser, nossa essência, também em constante evolução e aprimoramento, pertence a nós.
Quando adquirimos o entendimento de que tudo o que há são nuvens passageiras no céu, entenderemos o valor intrínseco de vivermos intensamente cada momento e valorizarmos cada presença que está conosco. Ao vivermos cada segundo plenamente, intensamente, não iremos desejar voltar no tempo nem viver em busca de um passado distante, pois viveremos o presente com a certeza de que demos o nosso melhor, de que fizemos o melhor com as possibilidades que tínhamos naquele momento e de que agora é a hora de deixar ir para que possamos dar oportunidades a novas experiências, vivências e lições. E está tudo bem. Sempre está tudo bem.
Somos surpreendidos a cada momento, quando nos permitimos crer nas inúmeras possibilidades que a vida nos dá. Se encontramos algo tão incrível antes, o que nos impede de encontrarmos algo tão incrível novamente?
Muitas das vezes, o que nos impede são apenas padrões mentais que nos aprisionam ou crenças limitantes de “não merecimento”. Olhe para dentro de si mesmo, conheça-se, reconheça-se e busque identificar quais crenças o estão limitando, impedindo-o de crer na abundância de coisas boas que o Universo tem para lhe oferecer.
Portanto, quando encontrar-se apegado a uma história que acabou, a alguma coisa ou alguém que se foi, lembre-se que em algum momento você também achou que não poderia encontrar algo tão valioso, quando, de repente, o Universo o presenteou com algo tão incrível e o surpreendeu.
Então creia, ame, sinta, viva intensamente e completamente, mas não se apegue totalmente, pois tudo é um ciclo. E assim é.
Direitos autorais da imagem de capa: KAL VISUALS/Unsplash.