O elefante Kaavan foi exposto durante anos em um zoológico com péssima estrutura, no Paquistão, mas conseguiu sua liberdade graças à ajuda de voluntários e da cantora Cher.
A vida nos zoológicos nem sempre oferece condições adequadas para que os animais vivam com saúde, e a história de Kaavan, conhecido como o “mais solitário elefante do mundo”, é uma prova do quanto o descaso e a ganância do homem podem chegar a consequências trágicas.
A trajetória do animal mais parece história de filmes, mais especificamente com o roteiro dos filmes de Bollywood, a indústria de cinema da Índia. Foi depois de ver um filme sobre elefantes dos famosos estúdios indianos que Zain Zia, filha do então governante militar do Paquistão, Gen Ziaul Haq, decidiu que queria ter um animal grandioso como o que viu na tela do cinema.
Zain Zia então fez uma oração a Deus pedindo para ter o animal, e seu pai foi quem atendeu ao pedido na prática.
Certo dia, quando Zain se preparava para ir à escola, Gen Haq colocou uma venda na filha e a levou para o gramado, nos fundos da casa. “Ele disse que havia uma surpresa para mim”, ela lembra em entrevista à BBC, que foi reproduzida pelo portal G1.
Quando a menina tirou a venda, lá estava Kaavan. No entanto, Gen Haq disse à filha que eles não poderiam manter o animal em casa, então ambos decidiram mandá-lo para um zoológico. De acordo com Ravi Corea, especialista em reabilitação de elefantes, nos Estados Unidos, o animal também foi mantido no Orfanato de Elefantes Pinnawala (PEO), no Sri-Lanka.
Ninguém sabe exatamente como o governante paquistanês conseguiu o presente, o fato é que, em algum momento, em 1985, Kaavan foi parar num zoológico de Islamabad, capital do Paquistão.
![Depois de 35 anos de maus-tratos em zoológico, “elefante mais solitário do mundo” é libertado!](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2020/11/2Elefante-mais-solit%C3%A1rio-do-mundo-deixa-zool%C3%B3gico-ap%C3%B3s-35-anos-de-maus-tratos.jpg)
Lá começou a mais triste fase da vida desse inocente elefantinho. Por anos, Kaavan foi exposto como atração do zoológico em uma área com péssima estrutura. Kaavan era cutucado com ganchos afiados por seus tratadores, enquanto era exposto para uma multidão que simplesmente ignorava as péssimas condições do local. Os administradores do local se importavam apenas com o dinheiro que adquiriam com as entradas e não com a saúde dos animais.
Para piorar a situação do elefantinho, em 2012, ele perdeu sua fiel companheira, a elefante Saheli, que significa “amiga” em urdu. Saheli havia sido levada para a região a partir de Bangladesh, no início dos anos 1990. As fontes oficiais do zoológico afirmam que Saheli morreu de ataque cardíaco, mas Mohammad bin Naveed, voluntário do grupo de defesa dos direitos animais FPI (Four Paws International), alega que a causa da morte foi sepse.
Isso porque as garras não esterilizadas do gancho penetraram muito fundo na pele do animal, que teve gangrena e morreu de choque séptico.
A partir da perda de sua amiga, Kaavan passou a ter um comportamento diferente do habitual. O elefante se tornou agressivo e sua condição física também estava se deteriorando, segundo a FPI. Ele tinha conjuntivite leve no olho esquerdo, lesões antigas, várias unhas rachadas e cutículas crescidas. Mas foi então que a situação de Kaavan chamou a atenção de uma superestrela da mídia.
A cantora Cher, que fundou a Free the Wild, uma instituição de proteção à vida selvagem, contratou uma equipe jurídica para pressionar pela liberdade do elefante. Quando a ordem judicial que libertou o animal foi anunciada, em maio, a cantora considerou aquele um dos “melhores momentos” de sua vida. Ela até registrou o progresso de Kaavan em sua conta no Twitter, que tem 3,8 milhões de seguidores.
Em junho, aconteceu mais uma vitória: o zoológico, enfim, foi fechado, mas a transferência de Kaavan ainda enfrentaria outros desafios.
A Four Paws International conseguiu autorização para levá-lo para o Camboja, onde ele poderia viver em um santuário protegido, mas o comportamento do elefante era um problema. Agressivo, Kaavan nem sequer deixava os tratadores chegarem perto dele. Foi então que Amir Khalil, o egípcio chefe da equipe FPI, descobriu que bastava ele cantar para o imenso elefante se acalmar. Com o tempo, Kaavan se acostumou com a cantoria e voltou até a comer na mão do voluntário.
O resultado de todos os esforços desses verdadeiros anjos é que o elefante, enfim, saiu do zoológico, onde foi abusado por 35 anos, para viver em segurança no Camboja.
A própria cantora Cher pegou um avião para ir encontrar o elefante, ao qual tanto ajudou. Confira um vídeo:
Kaavan agora vive no Santuário de Vida Selvagem Kulen-Promtep, no Camboja, onde dezenas de voluntários e funcionários trabalham para proteger o hábitat e para cuidar das várias espécies de animais ameaçadas de extinção.
Serve de consolo saber que a história desse simpático animal teve um final feliz, não é mesmo?
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