Em quatro anos de tratamento, e mesmo com os movimentos da perna limitados, engenheiro já visitou 143 países e tem como meta conhecer todos os 194!
Aos 61 anos, o engenheiro agrônomo e palestrante, Luiz Thadeu Nunes, de São Luís, no Maranhão, é uma prova de que, mesmo diante de situações em que a nossa vida parece não ter mais sentido, é possível dar a volta por cima, quando se tem força de vontade e fé.
Ele levava uma rotina normal, como a de qualquer outra pessoa, quando viu tudo mudar em um instante. Depois de sofrer um grave acidente de carro, há quase 17 anos, ele passou por 43 cirurgias, em quatro anos de tratamento, e chegou a ficar em cadeira de rodas, mas não se deixou abater pela situação.
Hoje, mesmo com a mobilidade reduzida de uma das pernas, o engenheiro já conheceu 143 países e, por onde passa, compartilha sua mensagem de empenho e superação. Sua história foi mudada pelo trágico imprevisto, em julho de 2003, quando o engenheiro perdeu um ônibus, em Natal (RN), que o levaria para Fortaleza (CE).
Na capital cearense, ele encontraria a sua família, que havia saído de São Luís, no Maranhão, para juntos comemorarem o aniversário de seu irmão. Luiz acabou perdendo o ônibus e embarcou em um táxi para tentar alcançá-lo mas, próximo ao destino final, o motorista do táxi fez uma ligação pelo celular. A imprudência somada à pouca visibilidade devido à chuva daquele final de tarde fizeram com que o motorista perdesse o controle da direção do veículo e batesse de frente em uma carreta.
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Quando recobrou a consciência, ainda muito desorientado e gravemente ferido, Luiz Thadeu notou que já haviam roubado sua mochila, com carteira, documentos, relógio, celular, dentre muitos objetos pessoais.
Luiz teve uma fratura exposta no fêmur e foi encaminhado para Natal, onde deu início à primeira de muitas batalhas que viria a enfrentar. Devido à fratura e à falta de cuidados necessários, Luiz contraiu osteomielite, que é uma grave infecção óssea.
Devido à doença, o engenheiro teve de peregrinar, durante quatro anos, por hospitais de Natal, São Luís e São Paulo. Ele precisou passar por 43 cirurgias e se submeteu a 100 horas de câmara hiperbárica, que é um tipo de compartimento totalmente fechado em que o paciente é submetido à inalação de oxigênio puro a uma pressão maior que a atmosférica.
Durante parte do tratamento, Luiz também teve de usar um fixador externo e, só depois de muitos meses, conseguiu recuperar parte do movimento da perna esquerda. Mesmo assim, o momento era de recomeço, e Luiz teve de, literalmente, reaprender a viver.
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O engenheiro precisou se adaptar ao uso de muletas e, ao se ver longe dos filhos, que foram fazer intercâmbio em Dublin, na Irlanda, em 2009, sentiu que era hora de procurar novo sentido para sua vida.
Mesmo durante a fase de adaptação ao uso de muletas, ele atravessou o Atlântico e, em um mês, visitou oito países da Europa. Mas esse era só o início de uma desafiadora jornada marcada por belas paisagens e troca de experiências. Em setembro de 2015, Luiz Thadeu visitou os dois extremos da terra: Ushuaia, na Patagônia argentina, e Barrow, no Alasca, a cidade mais setentrional do mundo.
Quando atingiu a meta de 130 países visitados, o engenheiro foi autorizado pela Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) a inaugurar uma placa no aeroporto de São Luís, no Maranhão. A placa é a primeira num aeroporto brasileiro onde um viajante conta a sua história.
Ao visitar 140 países, os Correios lançaram um selo comemorativo e o engenheiro entrou para o Livro dos Recordes Brasil como o brasileiro mais viajado do mundo com mobilidade reduzida.
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Entre os destinos mais longínquos por onde o maranhense já passou estão a Ilha de Páscoa, Zanzibar, Sheychelles, Maldivas, Mauricius, as ilhas da Austrália, Nova Zelândia, Timor Leste, Bali, na Indonésia, além de quase todas as ilhas do Caribe e algumas da Europa.
Luiz Thadeu já conheceu 143 países em dez anos, mas ele não pensa em parar tão cedo. Sua meta pessoal é conhecer os 194 países da Terra. Depois de tanto tempo em leitos de hospitais e infindáveis cirurgias, essa é a maneira que ele encontrou de compensar o tempo perdido.
No começo de abril, ele estará em Galápagos, e nos meses de junho e julho, pretender dar início à sua volta ao mundo.
Luiz conta que nem tudo é perfeito, ele ainda convive com as dores causadas pelos problemas de saúde decorrentes do acidente, mas entre ficar em casa e conhecer o mundo, mesmo com a deficiência, não é preciso nem dizer o que ele prefere, não é mesmo?
O maranhense transmite a mensagem de que, na vida, o importante é não deixar se abalar, mesmo diante dos problemas e das tragédias.
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