Dirijo há 10 anos, aproximadamente. Desde que tirei minha CNH, meu orgulho é que nunca levei nenhuma multa. Sempre fui muito tranquila no trânsito.
Por sinal, quem me vê pela estrada, principalmente quando estou sozinha, deve me achar doida: eu ligo o som e vou cantando mesmo, entro no ritmo, esqueço-me do mundo, por vezes, saem até umas dancinhas. Confesso que também converso comigo…
Quando estou acompanhada, canto ou converso com quem está comigo, e quando alguém força uma ultrapassagem, eu começo a rir, dou tchau e mando beijo.
Dirigir, para mim, é terapêutico. Um momento sensacional!
Então, eis que 2017 chega e com ele uma surpresa, ou melhor, três! Sim, três multas, por sinal uma em cada mês. Todas na mesma cidade (no litoral) e pelo mesmo motivo: excesso de velocidade.
Então, ao pagar cada uma delas, dolorosamente, diga-se de passagem, pensando no quão aquele dinheiro poderia ser melhor aproveitado, veio uma reflexão: O que essas multas querem me ensinar?
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Já que nada é por acaso, porque estava eu numa das cidades mais belas do país, dirigindo tão rápido?
Talvez as multas vieram para me dar um alerta, para que eu possa, quem sabe, desacelerar um pouco minha vida, curtir um pouco mais a paisagem, estar mais atenta às belezas e até mesmo aos perigos escondidos pelo caminho. Talvez, elas vieram me ensinar a ter um pouco mais de paciência! Sim, paciência, aquela palavrinha essencial. Aquela que estou encontrando em mim, dia a dia. Uma descoberta fantástica, mas árdua. Sempre fui muito prática e do tipo: tem problema para resolver, vamos lá! Se posso fazer, para que esperar? E assim eu seguia, dando conta de muita coisa.
Mas, às vezes, resolver tudo cansa! Além de cansar, tira daqueles que estão próximos a alegria de descobrirem o que podem fazer, por si e pelo mundo. De certa forma, é até uma atitude egoísta, quem sabe arrogante. Por mais que seja difícil, aprendo que, cada um no seu tempo, do seu jeito, e, frequentemente, o jeito e tempo deles são muito diferentes dos meus. Então, além de paciência, aprendo muito sobre respeito: a mim e ao outro!
É aquela famosa frase: Não tenha pressa, mas também não perca tempo! A essência dela me cai como uma luva: equilíbrio! Acelerar quando necessário, frear, às vezes, mas sem perder de vista o lugar de chegada e as paisagens pelo caminho.
Acredito que as três multas, das quais nem reclamo mais, aliás, agradeço – vieram para dizer que assim como dirijo meu carro, dirijo minha vida.
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Da mesma forma que o controle do carro, enquanto dirijo, está sob minha responsabilidade, minha vida também assim é. Eu a controlo, mas, da mesma forma que o carro afeta e pode ser afetado por diversos fatores externos, assim também acontece comigo.
E por sinal, quando ando rápido demais, a vida se encarrega de me fazer frear.
Controlo uma boa parte, mas não tudo, afeto e sou afetada todo o tempo. A questão é como reajo a isso? O quão aberta estou para as surpresas que a vida tem para me mostrar? Será que não posso, às vezes, conhecer novos caminhos?
Desde então, passei a ver as coisas de outra forma, talvez sem tanta pressa de chegar… afinal, na vida, chegar ao destino final significa o fim da viagem, e vamos combinar que ela não precisa terminar tão cedo, não é?!
Então, passei a traçar novos destinos, a curtir a paisagem e, quem sabe, embora no controle do carro, que agora busca andar em marcha lenta, às vezes um pouco mais acelerado, mas buscando não ultrapassar os limites, deixar que, por vezes, a vida me conduza por floridos caminhos errados que levam a lugares certos.
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Tamiris