De acordo com o delegado responsável pelo caso, nenhuma vítima declarada apareceu para registrar ocorrência de vandalismo.
O caso que chocou o Brasil, do menino mantido preso dentro de um barril, em Campinas (SP), continua a desmembrar noutros acontecimentos. A casa onde a criança ficava acorrentada em tambor foi invadida e vandalizada, na noite do dia 1º de fevereiro. Segundo o Código Penal vigente no país, esse ato é considerado um crime de dano ao patrimônio e prevê de um a seis meses de prisão dos seus autores. De acordo com informações do G1, o tio do menino confirmou que a residência ficou completamente “destruída”.
Os móveis foram depredados, os alimentos e diversos objetos que a casa guardava foram revirados e o imóvel vandalizado, no Jardim Itatiaia, em Campinas. O pai do menino, sua namorada e a enteada estão presos e, de acordo com a justiça, eles responderão por tortura. Internado no Hospital Municipal Dr. Mário Gatti, para tratar-se contra severa desnutrição, o menino recebeu alta no dia 3 de fevereiro.
Segundo o delegado José Henrique Ventura, diretor do Departamento de Polícia Judiciária de São Paulo Interior (Deinter 2), a atitude, que considera condenável, supostamente teria sido cometida por vizinhos indignados com o caso.
O delegado informou que não se pode fazer justiça com as próprias mãos e explicou que, quando existem muitas pessoas envolvidas em casos de depredação, pode ser caracterizado como associação criminosa.
Mas Ventura esclarece que o vandalismo praticado no imóvel da família não prejudica em nada o inquérito, já que uma perícia foi realizada nos dias 30 e 31 de janeiro, depois do resgate do menino. Para o delegado, a polícia já colheu material e fotografou tudo o que precisava, por isso a depredação não pode ser encarada como prejudicial ao andamento do processo.
A Polícia Civil só pode instaurar qualquer tipo de procedimento contra os indivíduos que invadiram e depredaram o imóvel quando as vítimas ou seus advogados apresentarem queixa.
Até o dia 2 de fevereiro, nenhum registro de ocorrência foi feito. Uma mulher de 30 anos, que mora próximo à casa da família, explica que todos na região ficaram horrorizados com a situação.
A mulher, que preferiu não ser identificada, conta que nunca imaginou que um caso daquela gravidade poderia acontecer ali. O fato de a criança ficar acorrentada em um tambor e ser alimentada de forma precária foram os principais pontos que causaram revolta nas pessoas que acompanham a situação.
Mesmo assim, de acordo com a dona de casa, a depredação do imóvel não deve ser vista com bons olhos, isso porque quebrar os móveis e vandalizar o imóvel não resolvem nenhuma questão.
O menino, que havia sido levado ao Hospital Ouro Verde, foi transferido para o Hospital Mário Gatti, onde conseguiu completar seu tratamento inicial contra desnutrição.
A Secretaria de Saúde explicou que a transferência aconteceu porque o menino receberia melhor atendimento no Mário Gatti, já que o Ouro Verde estava mais concentrado em atender casos suspeitos e confirmados de covid-19.
Após a alta da criança, o prefeito de Campinas, Dário Saadi (Republicanos), afirmou que ela está clinicamente bem e que a Vara da Infância e da Juventude já tinha decidido para onde ela seria encaminhada. Saadi ainda explicou que compreende o interesse da sociedade em ser informada sobre o andamento do caso, e afirma que tem se esforçado para passar tudo o que for possível, mas que também precisa preservar a integridade e o anonimato da criança.
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