Rodrigo Mattioli e Verônica Lacerda, 31 e 29 anos, respetivamente, se conheceram em Brasília, quando estudavam publicidade na Universidade local. Três anos de namoro e uma filha depois, eles largaram tudo para ir em busca de uma vida mais simples, sem excessos, mas mais feliz.
A história até nem é nova: eles queriam viajar, mas o dinheiro e, principalmente, o tempo (quase todo dedicado ao trabalho e, o que sobrava, à filha) não deixavam. “Tempo é mais difícil do que grana, porque poder ter dinheiro pra viajar e não ter tempo, não adianta”, lembra Rodrigo. Quando você não tem tempo, o que é que faz? Arranja-o. Rodrigo deixou o emprego fixo pra trabalhar como freelancer e se entregar mais a si próprio e à família. Verônica decidiu se dedicar à fotografia.
Mas a grande mudança veio quando já estavam em Londres. Pesquisando por lugares baratos pra viajar, Verônica se cruzou com o WWOOF, que consiste em trocar refeições e estadia por trabalho em fazendas orgânicas. Com a ideia, a família já viajou por três países, aprendendo outras tantas línguas. Agora em uma cidade perto de Málaga, na Espanha, eles não querem fazer planos a longo prazo, mas vão dizendo que, se puderem, vão continuar vivendo desse jeito.
Na Inglaterra, na primeira experiência WWOOF, a família aprendeu logo a controlar todos os gastos, como o de água ou luz elétrica (e, claro, dinheiro). “A água da chuva era pra tomar banho (de caneca) e lavar a louça. E água que vinha de uma nascente pra beber e cozinhar. A energia que eles tinham vinha de painéis solares”, conta Verônica.
- Pessoas inspiradoras: Aluna falta na escola para estudar e tira nota máxima na redação do ENEM: “Reclamavam”
O único fator difícil de gerir foi a educação da filha, Alice, que com a vida nômade dos pais acabava tendo dificuldades na escola, principalmente ao nível das faltas. Por isso, ela começou a ter educação em casa, aprofundando mais os temas que realmente lhe interessam.
- Pessoas inspiradoras: Veterinária salva 10 mil animais de serem sacrificados: “Ortopedista animal”
Com todas essas experiências, o casal aprendeu a “praticar o desapego” às coisas materiais. “O espaço que se abriu em nossas vidas depois que começamos a tentar viver com menos, nos ajudou a perceber muitas coisas, acho que a mais importante delas foi algo muito simples, muito óbvio, mas que acabava ficando ali meio esquecido em meio a tanta tralha (física e mental): a gente queria mesmo era estar juntos, e o resto era o resto”.
- Pessoas inspiradoras: Cientista que salvou a Arara Azul da extinção
Verônica mantém um blog, Casei e Comprei uma Bicicleta, onde compartilha as experiências da família pelo mundo.