A autorresponsabilidade é mais do que um conceito, é um estilo de vida, no qual você é -efetivamente- 100% responsável (por tudo).
Nunca tivemos tanta informação ao nosso dispor; a cada dia novas possibilidades de interação surgem em nossas mãos, pelos smartphones e apps.
Somos conhecedores das regras saudáveis de alimentação- sabemos até dissertar sobre calorias, proteínas, carboidratos. Somos capazes de debater com o médico durante uma consulta, questionando o diagnóstico dado por ele, conforme nossa pesquisa prévia.
Sabemos dos males das drogas lícitas e ilícitas; assim como conseguimos explanar com segurança, como acontece o contágio das doenças sexualmente transmissíveis. Entre outros tantos exemplos; que poderiam nos fazer dominar os melhores caminhos para uma vida longa, plena e feliz (pelo menos na teoria).
Sendo assim, como explicar a crescente absurda de casos de Aids e Sífilis entre os jovens de 14 a 25 anos, de todas as classes sociais (o maior índice desde o início da década de 80. Fonte: Unaids Brasil). Como justificar o aumento visível dos casos de obesidade mórbida e compulsão alimentar? Como explicar acidentes de carro, por motoristas alcoolizados, andando em alta velocidade?
Porque a informação não é garantia de sua internalização, nem da tomada da responsabilidade sobre qualquer ação. Responsabilizar-se é uma escolha; e nem sempre fácil.
É mais cômodo responsabilizar a indústria criminosa de cigarros, o excesso de publicidade e/ou as alternativas alimentares nada saudáveis; a facilidade para conseguir parceiros sexuais… A vida, os pais, o outro, o governo, o mundo…. Enfim. Tudo, menos a si próprio (e estou falando de responsabilidade, e não culpa. Senão, a terceirização fica 100% ainda mais frequente).
No Ensino Fundamental de algumas escolas já estão sendo ensinados conceitos de empreendedorismo: a noção da responsabilidade das escolhas e seus consequentes riscos- isso desde a infância. Como responder que em 2017, as pessoas consigam perceber a importância do estudo e da ação, como pontes para a ampliação do conhecimento, para o progresso profissional e financeiro; e são ensinadas a construírem seus futuros, como agentes protagonistas e responsáveis por suas vidas… mas ao mesmo tempo, as pessoas – adultas, inclusive- não sabem e nem conseguem ser responsáveis por suas falas, escolhas, posicionamentos?
Como é possível ser um bom profissional, maduro, autêntico, se não conhecemos nada sobre gerenciamento de nossas próprias emoções e autorresponsabilidade?
A autorresponsabilidade é mais do que um conceito, é um estilo de vida, no qual você é -efetivamente- 100% responsável (por tudo). É o dono e condutor da sua própria vida. E não mais responsável somente por aquilo que aprendeu: o ser empreendedor de negócios.
A autorresponsabilidade te faz refletir sobre o que é empreender sobre si mesmo; administrando e conduzindo a si próprio para além do seu sucesso e performance profissional; mas reformulando o modo leviano ou infantil com o qual você tem lidado consigo mesmo.
Essa forma de entendimento, diz respeito a sua verdadeira construção como ser humano (bio psíquico social e espiritual);e traz à tona questões inconscientes, muitas vezes aprisionadas e reforçadas por barreiras mentais invisíveis, que se mostram na aparente falta de controle sobre sua história- estou onde não quero estar, faço o que não gosto de fazer, gosto de quem não me quer, quero o que não deveria querer…. Enfim, tudo fora do lugar!
Quando não estamos no controle, centrados na responsabilidade de assumir as causas e consequências de nossas próprias vidas, nos tornamos vítimas de pessoas ou situações aparentemente poderosas (em qualquer âmbito); somos vulneráveis, até em relação a nós mesmo, pois somos verdadeiros estranhos ao nosso eu aparente; é como se faltasse a força necessária para virar a mesa. Falta autodomínio- domínio das paixões, das insatisfações, das vontades, etc. Culpamos a tudo e a todos pelas dificuldades de reconhecimento, de sorte, de sucesso, de comunicação, de coragem… Mas não saímos do lugar.
Andamos em círculos, nas paredes invisíveis e limitantes que nos cercam, com justificativas de que simplesmente informam, mas não nos convencem, pois não estão conectadas ao nosso eu; não estão internalizadas. Daí surgem frases do tipo:”Você não me entende”. “Não é justo comigo. Eu merecia mais”, “Você é uma pessoa difícil”, “Não mereço que isso esteja acontecendo comigo”, etc. Há o lugar da vítima, e um culpado externo. Não somos donos de nossa vida assim.
Num outro extremo, em vez de operar a partir da culpa, podemos operar a partir do ego e da vaidade (na maioria das vezes cega). Esses tornam-se aparentes guerreiros, conhecedores da vida, agressivos e destemidos em muitos aspectos, mas são vazios, porque as conquistas pela luta, também informam sem o menor preenchimento de alma; e essas pessoas continuam desconectadas de seu eu; precisam do autoconvencimento de que estão no melhor caminho- mas nem sempre é assim. São responsáveis por coisas e posições, mas nunca por si próprios- emocionalmente falando. Deles ouvimos, geralmente: “Sou o máximo”, “Você precisa mais de mim, do que eu de você”, “Não me envolvo”, “Aprendi na raça”, etc.
Mas há um caminho do meio, mais centrado e equilibrado, que promove a reflexão, o autogerenciamento e o direcionamento para o caminho que escolhemos ter; e não para aquele lugar no qual simplesmente estamos, por algum acaso.
Na autorresponsabilidade como “life style” não existe acaso, existe a reflexão, o trabalho sério sobre seus pensamentos, sentimentos e ações (nessa ordem).
Saímos da inconsciência, da falta de controle sobre nós mesmos, e das atribuições de sorte ou destino, e partimos para a atração do que queremos, como queremos, porquê, com quem, onde… de forma que somos totalmente responsáveis pelo que atraímos, aceitamos, construímos e devolvemos ao mundo, como gratidão e reconhecimento de bênçãos e merecimento.
Ser cada vez mais autorresponsável é trazer para si a justificativa que ninguém quer (nem você), e trabalhar na digestão de conceitos sobre você mesmo construídos ao longo de sua história, sem sua permissão; é reformular o que acredita sobre si próprio; é trabalhar na melhoria do seu eu, percebendo-se como um ser capaz de modulações e direcionamentos rumo ao melhor lugar, melhor estado, melhor sensação.
“Esse é o meu posicionamento’, “Agradeço, mas não gostaria”, “Talvez eu não tenha sido clara”, “O que mais posso fazer nessa situação?” São exemplos de como podemos ser mais autorresponsáveis em assuntos do dia a dia.
Quanto maior conhecimento sobre determinado assunto, maior a segurança e domínio ao lidar com ele. Assim somos nós também.
A Autorresponsabilidade é um convite a sairmos da zona do autodesconhecimento para a descoberta livre de que podemos ser responsáveis sem ter culpa.
Podemos ser donos sem sermos presunçosos, podemos dominar nosso mundo sem perder a humildade de estar abaixo da Grande e Suprema Inteligência.
Quando entregamos nossa vida ao outro, acabamos reféns de interesses alheios aos nossos. Não faça pelos outros, faça por você; isso não é egoísmo, é sobrevivência, é autoconhecimento, é maturidade emocional.
Devemos entender que tudo que queremos para nossa vida já está em nós e deve sempre partir de nós.
Essa é minha vida, portanto, minha total responsabilidade.