Certa vez Shakespeare escreveu: “Se mudarmos o nome da rosa, seu perfume permanece o mesmo”.
Não importa o nome que criamos, a forma como enxergamos, mas sim como sentimos! A essência, a natureza, o intrínseco não muda, permanece o mesmo. A Rosa pode ser esquecida, ignorada, arrancada ou pisada, mas seu perfume e sua forma primordial, o seu cerne, sua natureza inerente permanece, independe do que aparenta o seu exterior ou das diversas formas que a imbuem, ela continua reconhecível pelo que é.
Independe da forma que conhecemos, devemos ter empatia para reconhecer o que é e não o que aparenta ser. Entender o sofrimento do outro é desenvolver um sofrimento empático em nós mesmos, para, aí sim, perceber quem o outro realmente é.
Um velho monge tibetano costumava dizer:
“O sofrimento empático vem antes da compaixão. O primeiro estágio da compaixão é a empatia. Com empatia, há sofrimento. Mas o sofrimento que se sente com a empatia se torna combustível para o fogo da compaixão.
Quando a compaixão surge, o sofrimento é transcendido e a atenção se volta a como ser útil. O sofrimento é o combustível da compaixão, não o seu resultado. ”
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A maior dificuldade da empatia é deixar o orgulho de lado. Você olha para a pessoa e pensa: “Eu jamais faria isso! Isso está muito distante do que eu faria ou pensaria em fazer”, e esse pensamento destrói sua percepção, pois está pensando em você e não no outro.
Ter empatia é ver-se no outro e sentir profundamente, buscando entender o que se é.
E a compaixão vai além disso. Entender o amor, a visão, as dores, as motivações e o sofrimento do outro como sendo iguais aos seus, entender o outro como sendo você, mesmo que materialmente não o reconheça como tal. Além de sentir, preocupar-se genuinamente com a aflição do outro, tomar as dores como sendo as suas, tomar os medos como sendo os seus e buscar resolvê-los!
Quantas outras ações se desencadeiam de nossas ações? Quantas ações se desencadeiam da nossa falta de percepção? Quanta energia e tempo gastamos revertendo aquilo que poderia ser evitado com um simples ato de empatia e compaixão?
Perceber verdadeiramente como as suas ações com os outros refletem em você e não apenas neles! Se você mentir ou machucar a alguém, quem mais se prejudicou? Você mesmo! Pois precisará viver com dois pesos diferentes, a sua dor e a dor do outro, não como um único sentimento, como o do amor, mas como sentimentos diferentes, dores diferentes, sentidas de maneiras distintas, mas em único ser.
Mingyur Rinponche bem disse que a compaixão é o reconhecimento de que tudo é reflexo de tudo. Todos são um reflexo de todas as outras pessoas e coisas, e basta uma simples mudança de perspectiva para que possa, não simplesmente mudar sua própria experiência e visão interior, mas também mudar as dos outros e tornar vida, como um todo, melhor, para todos. Se a terra fosse um imenso jardim teríamos como opção transformarmos em ervas daninhas ou flores. Poderia ser como flores exalando apenas os bons perfumes.
No momento em que percebe o outro como não separado de você, não melhor ou pior, ou mesmo igual a você, então você nutre verdadeiramente o amor, a compaixão. Vê a felicidade do outro como a sua felicidade. O sofrimento dele como seu sofrimento. A felicidade não é uma questão individual. A compaixão não é uma questão individual. O sofrimento não é uma questão individual.
Compaixão é perceber que estamos todos no mesmo barco, seguindo o mesmo rumo, o mesmo destino, mas olhando para direções diferentes.
Ter compaixão é olhar para a mesma direção e compreender o que o outro vê.
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