O público tem reparado na postura machista do personagem e feito comentários nas redes sociais!
A nova versão da novela “Pantanal”, produzida pela Rede Globo, tem feito um enorme sucesso, tanto na televisão quanto nas redes sociais. Conseguindo engajar até mesmo jovens das últimas gerações, que não cresceram com as novelas como forma de entretenimento, a trama tem ficado na boca do povo, pautando comentários a cada capítulo exibido.
Grande parte desses comentários são de elogios à produção, que tem mantido diversos elementos da antiga versão veiculada pela TV Manchete, em 1990. No entanto, alguns pontos também estão sendo alvos de críticas.
Uma das questões que não têm agradado ao público é o comportamento de José Leôncio, interpretado por Marcos Palmeira na versão adulta atual. O roteiro da novela apresenta um personagem carregado de machismo e homofobia, muito para contrapor o filho Jove, que foi criado longe do Pantanal e tem uma personalidade julgada como “desconstruída”.
Em um dos capítulos, José Leôncio disparou contra o filho e deu um grande espetáculo sobre preconceitos, sejam eles misoginia, homofobia e machismo, e representou um comportamento infelizmente comum em nossa sociedade.
![Comportamento de José Leôncio em “Pantanal” é considerado “machista” e recebe críticas nas redes](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2022/05/2-Comportamento-de-Jose-Leoncio-em-Pantanal-e-considerado-machista-e-recebe-criticas-nas-redes.jpg)
Em conversa com Filó (Dira Paes), José Leôncio afirmou que Jove é uma “fêmea”, criticou-o por não ser como os peões com quem ele convive e chegou a chamá-lo de “vagabundo” por não ter uma profissão.
Em resposta, Jove, interpretado por Jesuíta Barbosa, disse: “Sou homem, meu pai. Não preciso sair no braço com outro cara, não preciso andar a cavalo e contar vantagem sobre mulher para ser mais homem ou menos homem que o senhor”.
Embora muitas pessoas argumentem que o comportamento do fazendeiro represente a realidade vivida por pessoas educadas de forma semelhante à dele, vários internautas estão criticando a forma como ele está sendo representado, dizendo que a novela poderia ter diminuído um pouco a “intensidade” do personagem.
Com toda essa polêmica, trouxemos abaixo um pouco sobre o que o elenco pensa a respeito da forma como os personagens são trabalhados.
![Comportamento de José Leôncio em “Pantanal” é considerado “machista” e recebe críticas nas redes](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2022/05/3-Comportamento-de-Jose-Leoncio-em-Pantanal-e-considerado-machista-e-recebe-criticas-nas-redes.jpg)
A temática e a abordagem sob a óptica do ator
Jesuíta Barbosa falou sobre o assunto durante uma coletiva de imprensa, dizendo que o roteiro da novela tem a intenção de mostrar a violência que pode existir quando o campo e a cidade grande se encontram. Além disso, a novela procura explorar as diferenças de gerações e de concepções sobre a masculinidade entre pai e filho.
“O Jove chega da cidade, um cara urbano, cosmopolita, e vai para um ambiente completamente diferente. A tradução dessa nova história tem uma possibilidade de discutir esse outro lado, que é o lado que cria esse conflito com o Pantanal. A trama não fica paternalista, do pai que quer que o filho seja macho, peão. Tem outra discussão, a partir desse ganho que tivemos nessas novas gerações sobre discussão sexual, sobre empoderamento. Acho que a gente consegue criar essa diversificação agora. Isso é o mais importante. O Jove é complicado, porque ele alterna entre o Rio de Janeiro e o Pantanal, mas é esse o equilíbrio. É sempre violento, não tinha como não ser”, pontuou o ator.
![Comportamento de José Leôncio em “Pantanal” é considerado “machista” e recebe críticas nas redes](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2022/05/4-Comportamento-de-Jose-Leoncio-em-Pantanal-e-considerado-machista-e-recebe-criticas-nas-redes.jpg)
Mesmo com as críticas, é inegável que a nova versão de “Pantanal”, que está mostrando a diferença gritante entre estilos de pensamento e atitudes de pessoas de diferentes gerações e que cresceram em ambientes distintos, pode ser um bom ponto de partida para conversas acerca de preconceitos.
O tradicionalismo ao lado do novo, que não aceita abaixar a cabeça, pode levar os dois lados a refletir e promover um entretenimento com conteúdo mais realista.