A atriz Renée Zellweger se tornou “irreconhecível” ao assumir o papel de Pam Hupp na série “The thing about Pam”, da NBC.
Algumas profissões fazem com que as pessoas se transformem radicalmente, exigindo entrega e dedicação. Entre os melhores atores e atrizes, por exemplo, uma característica que os torna destaques é justamente o nível de empenho e energia que dedicam a cada um dos seus personagens.
Não basta apenas decorar as falas, é preciso atenção, entusiasmo, interesse, fervor, é preciso entender o que se passa na cabeça daquele personagem, esmiuçá-lo a ponto de conseguir se fazer passar por ele. Esse processo, que pode variar muito, dependendo da produção que se analisa, é chamado de “construção de personagem”.
Há alguns anos, as minorias têm questionado de maneira enfática a falta de representatividade nas mais variadas profissões, e nem sequer os atores escaparam. Recentemente, a crítica Colina de Libby, também chamada de Libby Hill, usou sua coluna para falar abertamente sobre a urgência em se escalar atores gordos para interpretar personagens gordos, excluindo a alternativa de fazer com que atores magros se transformem para encarar o trabalho.
Dentre os principais argumentos de Libby Hill estão justamente o protagonismo das pessoas gordas, a visibilidade, além do reconhecimento do trabalho de pessoas que constantemente perdem contratos ou só conseguem assumir produções específicas e recheadas de estereótipos, como o da “gordinha engraçada”, por exemplo.
A última atriz a ficar “irreconhecível” durante a “construção do personagem” foi Renée Zellweger, que interpretou Pam Hupp na série “The thing about Pam”, da NBC. Mas a artista não encarou uma dieta rica em calorias durante um período para ganhar peso, assim como já tinha feito em “O diário de Bridget Jones”, mas usou roupas que simulavam o tamanho de uma “mãe americana de meia-idade”.
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Em entrevista à Vanity Fair, a atriz descreveu o que precisava fazer para encarar a transformação no visual: “Foi praticamente da cabeça aos pés. Era a prótese, era um terno [acolchoado], era a escolha da roupa, era a agilidade no passo a passo, no andar”, conta a atriz. Libby questiona a necessidade de Hollywood deixar de colocar um ator que tivesse exatamente os traços e características do personagem, escalando com maior precisão o papel, ao invés de colocar uma atriz usando um terno gordo, chamando a transformação de “construção de personagem”.
Para Libby, a indústria hollywoodiana, assim como várias outras, estão mais empenhadas em “fingir que atrizes gordas não existem” do que realmente escalar profissionais que sejam bons no que fazem. A crítica ainda reforça que a mensagem passada é que a palavra “gordo” é pejorativa, e que naquela produção, como em tantas outras, não existe nenhuma pessoa, são apenas artifícios.
Renée não foi a primeira atriz a usar uma roupa que finge aumento de peso, a atriz Sarah Paulson, interpretando Linda Tripp em “Impeachment: american crime story”, também usou próteses e preenchimentos, mas foi a público dizer que se arrependia de sua decisão. Ao Los Angeles Times, ela reforçou que acredita que a fobia de gordura seja real, e acha a controvérsia legítima.
Outro ponto abordado por Libby é o fato de que, dentre todas as atrizes de Hollywood, Renée deveria ser uma das mais sensíveis a esses argumentos, já que seu corpo e aparência são alvos de críticas há mais de duas décadas. Renée, por engordar para entrar no personagem de Bridget Jones e depois emagrecer e ganhar massa para viver Roxie Hart em “Chicago”, além de rumores sobre intervenções estéticas no rosto, ganhou destaque na mídia.
Libby finaliza sua crítica à série da NBC pedindo que paremos de criticar as mulheres por suas aparências, aceitando-as como são. Para ela, pessoas de todos os tamanhos, formas e origens deveriam ser aceitas nas telas, normalizando outras existências e validando suas vozes.
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