Cada um de nós está sempre às voltas com uma criança interior.
O que você faz bem? Qual o seu propósito? Como se fazer ver pelo mundo? Como brilhar em todas as áreas da sua vida? Quando você era criança, qual era sua resposta, quando lhe perguntavam: “O que você quer ser quando crescer?”
Sou defensor nato de que os principais padrões negativos são alicerçados durante a primeira década da infância, perpetuando-se quase pela vida inteira, impedindo você de ser você, de brilhar, de ter coragem, de ser autêntico, mostrando o seu papel no mundo, cumprindo a sua missão, evoluindo o seu ego, a sua essência, conectando-se com o divino, expressando a sua alma, o brilho do seu ser.
É incrível, na verdade, que várias cascas egoicas são formadas na infância, sendo retroalimentadas de modo consciente e inconsciente, sendo quase impossível curá-las na vida adulta, porque a sua criança interior foi ferida e ela está na sua aura, contida, abandonada e com medo.
Mas o que seria essa criança interior ferida?
Quem nunca passou por isso ou já viu alguém passar por isso:
“Homem não chora” – criança ferida – adulto que não se permite amar, demonstrar sentimentos.
“Você é burro” – criança ferida – adulto com falta de autoconfiança por acreditar numa experiência ruim, numa inverdade.
“Você está chata, nunca vai se casar” – criança ferida – adulta com baixa autoestima, atrai situações em que é vítima, acha que não é merecedora de um grande amor.
“Vai apanhar, porque se comportou de maneira errada” – criança ferida – adulto replica, em suas relações, exemplo que vivenciou com os pais, agride verbalmente e fisicamente os outros.
“Mulher tem que cozinhar e arrumar a casa” – criança ferida – adulta que fica receosa em trabalhar, pois acreditou num paradigma misógino.
“Homem não gosta de artes, gosta de engenharia e futebol’’ – criança ferida – adulto que deixa de cumprir sua missão de artista por acreditar em mais um paradigma retrógrado e preconceituoso por acreditar que tem de viver a vida que os pais querem.
Poderia citar inúmeros exemplos mais pesados ou não, mais reais ou não, mas todo mundo tem uma criança ferida, a criança que sente medo, a criança que sente dor. É ela que não sabe o que fazer, não você.
Cada um de nós está sempre às voltas com uma criança interior. Infelizmente, a maioria vive gritando com essa criança na vida adulta, ignorando-a ou lutando contra ela, e depois se pergunta o porquê de a vida não dar certo.
Apelamos para o inverso: cuide da sua criança interior, conforte a sua criança, não deixe de mostrar à sua criança que, haja o que houver, você sempre a apoiará.
Uma vez identificado tudo o que você sofreu na primeira década da infância, pela sociedade, pela família, pela religião e amigos, amplie a sua consciência, tente não agir automaticamente, viva a sua verdade. Foram algumas traumáticas experiências na infância, não tome isso como verdade absoluta.
Faz-se necessário, portanto, curar a sua criança interior, diminuir a lista de pendências da alma, quebrar todas essas cascas egoicas, ver que tudo o que aconteceu no passado foi só uma experiência, e passou.
Se passou, não ficou, logo não cole as experiências traumáticas da sua infância na sua alma, isso não pode reverberar a vida inteira. Replique o amor-próprio, expressando livremente quem você é, não tendo preconceito com o que sentir e qual caminho seguir. Tenha fé em si mesmo.
O que você tem de único, você esconde ou sente?
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