No cenário do brutal ataque terrorista de Londres que deixou 4 mortos e 40 feridos, um momento de introspecção sobre a natureza da guerra e da violência é devido.
Felizmente, Dalai Lama escreveu extensivamente sobre este assunto, incluindo a relação entre lavagem cerebral em massa e guerra.
Em um texto intitulado “A Realidade da Guerra”, o renomado monge budista fala sobre este fenômeno mortal:
“É claro que a guerra e os grandes estabelecimentos militares são as maiores fontes de violência no mundo. Seja seu propósito defensivo ou ofensivo, essas vastas e poderosas organizações existem exclusivamente para matar seres humanos. Devemos pensar cuidadosamente sobre a realidade da guerra.
A maioria de nós tem sido condicionado a considerar o combate militar emocionante e glamouroso – uma oportunidade para os homens provarem sua competência e coragem. Como os exércitos são legais, sentimos que a guerra é aceitável. Em geral, ninguém sente que a guerra é criminosa ou que aceitá-la é atitude criminosa.
Na verdade, nossos cérebros têm sido lavados. A guerra não é glamourosa nem atraente. É monstruosa. Sua própria natureza é de tragédia e sofrimento.”
Nossas percepções culturais equivocadas sobre a guerra nos ajudam a justificar, em nossas mentes, a brutalidade dessa prática antiga.
Como o Dalai Lama aponta, o combate militar costuma ser retratado como glamouroso, ajudando os jovens a justificar atos de autosacrifício como o terrorismo.
Assim como a propaganda islâmica pode convencer um terrorista a acabar com sua vida, a propaganda governamental pode ser usada para alistar dezenas de milhares de jovens para combater guerras estrangeiras em falsas premissas.
Não existe maior exemplo disso do que a guerra no Iraque, que foi iniciada em uma mentira e terminou com milhares de soldados americanos mortos e mais de um milhão de mortes civis iraquianas.
Dalai Lama continua:
“A guerra moderna travou-se principalmente com diferentes formas de fogo, mas estamos tão condicionados a vê-la como emocionante, que falamos sobre esta ou aquela arma maravilhosa como uma notável tecnologia sem lembrar que, se ela for realmente usada, vai queimar pessoas vivas. A guerra também se assemelha fortemente a um incêndio na forma como se espalha.
Se uma área fica fraca, o comandante envia reforços. Isto significa jogar pessoas vivas em direção ao fogo. Mas porque fomos manipulados, através de lavagem cerebral, a pensarmos desta maneira, não consideramos o sofrimento dos soldados, por exemplo. Nenhum soldado quer ser ferido ou morrer.
Nenhum de seus entes queridos quer mal para eles. Se um soldado é morto ou mutilado, pelo menos mais cinco ou dez pessoas – seus parentes e amigos – sofrem também. Todos deveríamos ficar horrorizados com a extensão dessa tragédia, mas estamos muito confusos.”
Ele usa o termo “lavagem cerebral”, que é uma distinção importante: requer uma orientação errônea fundamental de nossas próprias capacidades mentais para esquecer a brutalidade óbvia da guerra.
Na verdade, é essa lavagem cerebral que concede aos ditadores o poder de organizar e usar soldados em primeiro lugar:
“Não importa quão malévolos ou maus são os muitos ditadores assassinos que atualmente podem oprimir suas nações e causar problemas internacionais, é óbvio que eles não podem prejudicar outras pessoas ou destruir inúmeras vidas humanas se não tiverem uma organização militar aceita e tolerada pela sociedade.”
O valor da vida humana é muitas vezes desprezado, mas como Dalai Lama aponta:
“Devemos nos sentir fartos da violência e da matança acontecendo ao nosso redor. Se um ser humano é morto por um animal, é triste, mas um ser humano ser morto por outro ser humano, é impensável.
Temos de fazer um esforço especial para pensarmos uns nos outros como seres humanos, como nossos irmãos e irmãs.”
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Traduzido pela equipe de O Segredo – Fonte: David Wolfe