“A internet às vezes pode acabar confundindo a forma como a gente se enxerga e enxerga o outro, de tanta coisa bonita e luxuosa que a gente vê”, refletiu a atriz.
Quantas vezes, depois de passarmos algum tempo nas redes sociais, consumindo vídeos que estão em alta, não nos olhamos no espelho e sentimos vulnerabilidade naquilo que vemos? É como se aquele rosto ali não fosse “certo”, como se tivesse as métricas e curvas erradas, não fosse liso o suficiente, sem marcas o suficiente e muito menos com o formato correto.
Ficar exposto às redes sociais sem limite de tempo, consumindo todo e qualquer tipo de conteúdo, pode sim impactar a forma como nos enxergamos, principalmente porque o uso de filtros e intervenções estéticas se tornou “o novo normal” entre os famosos.
Já não existem mais rostos com marcas de expressão, com sinais do tempo, com pintas, manchas e quaisquer marcas da idade. Inclusive, a idade nada mais é do que uma inimiga, alguém que devemos combater, de quem fugir a todo custo, e com isso vamos apagando as diferenças, a unicidade dos rostos e a maturidade das pessoas.
A atriz Taís Araújo usa suas redes sociais para, frequentemente, questionar a necessidade da maquiagem, dos filtros e das intervenções estéticas como ferramentas para tentar alcançar o padrão de beleza vigente. Por participar de grandes programas, como The Masked Singer, ela precisa de uma produção glamourizada, com ênfase nos cabelos e na montagem do personagem.
![De “cara limpa” no Instagram, Taís Araújo mostra que mulheres não precisam de make para serem lindas!](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2022/05/2-De-cara-limpa-no-Instagram-Tais-Araujo-mostra-que-mulheres-nao-precisam-de-make-para-serem-lindas.jpg)
Ainda assim, sempre que possível, ela faz questão de compartilhar fotos sem nenhuma maquiagem ou outra produção estética, passando a mensagem de que, sim, está tudo bem se arrumar, usar filtros e apostar em intervenções estéticas, mas não devemos fazer disso algo normal. Precisamos nos lembrar de como são os rostos reais, de que as peles possuem textura, manchas e pintas, e que isso é aceitável.
Em várias publicações, ela questiona o status quo e se coloca à disposição para ser uma das vozes dispostas a bater de frente quanto às frequentes imposições do sistema atual, mesmo que precise passar por críticas da própria comunidade. Muitas vezes, a atriz recebe comentários que diminuem suas atitudes, reforçando que ela apenas aparece de “cara lavada” porque é bonita, caso contrário não faria isso.
![De “cara limpa” no Instagram, Taís Araújo mostra que mulheres não precisam de make para serem lindas!](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2022/05/3-De-cara-limpa-no-Instagram-Tais-Araujo-mostra-que-mulheres-nao-precisam-de-make-para-serem-lindas.jpg)
Mas a reflexão continua sendo importante. Ainda que esteja sob os holofotes e receba o melhor tratamento possível das equipes de maquiagem e figurino, ela usa sua posição de destaque para provocar o debate. “A internet às vezes pode acabar confundindo a forma como a gente se enxerga e enxerga o outro, de tanta coisa bonita e luxuosa que a gente vê, mas não significa que o simples ou as imperfeições não existam, elas estão aqui e ali, e é isso que nos torna humanas, genuínas e únicas”, escreveu numa publicação de outubro do ano passado.
![De “cara limpa” no Instagram, Taís Araújo mostra que mulheres não precisam de make para serem lindas!](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2022/05/4-De-cara-limpa-no-Instagram-Tais-Araujo-mostra-que-mulheres-nao-precisam-de-make-para-serem-lindas.jpg)
Impactos do uso dos filtros na sociedade
O uso desenfreado de filtros nas redes sociais acaba impulsionando um mercado ao qual muitos nem sequer associavam: o de cirurgias plásticas em um público cada vez mais jovem. A Academia Americana de Cirurgiões Plásticos constatou que, em 2017, 55% das pessoas que fizeram rinoplastia tinham o desejo de sair melhores em selfies.
O JAMA Facial Plastic Surgery Viewpoint publicou um artigo em 2018 concluindo que os aplicativos que editam as fotos provocaram aumento no número de pacientes que querem imitar os filtros que encontram nas plataformas, tornando-se portanto o “novo normal” nos consultórios de estética. A intervenção no rosto, que ora já foi para ficar parecido com uma celebridade, atualmente busca imitar o que computadores fazem nos rostos.
De acordo com a International Society of Aesthetic Plastic Surgery (Isaps), mesmo com a pandemia, muitos cirurgiões plásticos sentiram a demanda aumentar por conta da flexibilidade dos pacientes, e o “efeito zoom”, que leva os pacientes a acharem o nariz feio, aumentando o número de rinoplastias, foi percebido por grande parte dos médicos.
“Os procedimentos cirúrgicos mais comuns no mundo continuaram sendo os mesmos de 2020, com o aumento das mamas representando 16% de todos os procedimentos, lipoaspiração 15,1%, cirurgia das pálpebras 12,1%, rinoplastia 8,4% e abdominoplastia 7,6%. Os cinco principais procedimentos não cirúrgicos também continuam consistentes: toxina botulínica (43,2% de todos os procedimentos não cirúrgicos), ácido hialurônico (28,1%), remoção de pelos (12,8%), redução não cirúrgica de gordura (3,9%) e fotorrejuvenescimento (3,6%). Cerca de 85% dos procedimentos não cirúrgicos foram realizados em mulheres”, reforçou o relatório.