Ainda que a sensualidade e os tórridos romances estejam presentes no remake, mostrar o corpo feminino em exagero já não faz mais parte da estratégia.
A novela “Pantanal” tem chamado a atenção do público intergeracional, mostrando que há anos o espectador estava aguardando uma trama que fosse capaz de mexer com a imaginação.
Assim como da primeira vez, o folhetim é um sucesso de audiência, despertando o interesse e o engajamento de quem acompanha diariamente as aventuras dos personagens.
Inevitavelmente, as comparações entre as duas versões são colocadas lado a lado com frequência, não para apontar falhas, inconsistências ou motivos de desagrado, mas apenas a título de curiosidade. Escrita por Benedito Ruy Barbosa na década de 1980, a novela só foi ao ar oficialmente em 1990, quando o autor estava na Rede Manchete, se revelando um dos maiores arrependimentos da Rede Globo na época, que tinha a obra disponível, mas preferiu abrir mão.
Como não tinha níveis de audiência colossais como a Rede Globo, a Manchete apostou nas gravações de “Pantanal”, mas valorizando a nudez (feminina, principalmente), cenas de sexo e a violência como principais atrativos. O público gostou, e pela primeira vez uma novela de outra emissora bateu a campeã em audiência, ficando em primeiro lugar no horário nobre.
O remake, escrito por Bruno Luperi, neto de Benedito Ruy Barbosa, possui várias alterações, fazendo com que a história se adapte aos dias atuais, mas que também não cometa excessos, principalmente com as “apelações”. Em entrevista ao jornal O Globo, a atriz da primeira versão de Juma, Cristiana Oliveira, explicou que a nudez e a sensualidade foram exploradas a título de audiência, em 1990, mas que isso já não era mais necessário atualmente.
![“Pantanal” oferece ao público nudez artística e cenas de sexo em rio, mas busca fugir da apelação](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2022/05/2-Pantanal-oferece-ao-publico-nudez-artistica-e-cenas-de-sexo-em-rio-mas-busca-fugir-da-apelacao.jpg)
Cristiana revelou que durante as gravações da primeira versão de “Pantanal”, não se importava em ficar nua para interpretar sua personagem. Como era mais jovem, e Juma realmente era uma mulher que passava a sensação de organicidade e integralidade com a natureza, a atriz não se sentiu incomodada em fazer o mesmo.
Para Cristiana, a autoestima era um problema na época, já que tinha sido obesa e emagrecido muito nos anos anteriores às gravações. Porém, sempre que entrava no personagem, sentia todo esse receio se dissipar, já que Juma nunca sentiria essas pressões sociais. Mas assim que voltava a ser atriz, queria novamente agradar às pessoas do seu círculo social, principalmente através da aparência.
![“Pantanal” oferece ao público nudez artística e cenas de sexo em rio, mas busca fugir da apelação](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2022/05/3-Pantanal-oferece-ao-publico-nudez-artistica-e-cenas-de-sexo-em-rio-mas-busca-fugir-da-apelacao.jpg)
Outra atriz que falou sobre as cenas de nudez, foi Dira Paes. Em entrevista ao mesmo jornal, ela afirmou que não tem problema algum em gravar cenas íntimas ou sem roupa, desde que esteja tudo perfeitamente descrito no roteiro. A profissional dá vida à dona de casa Filó na segunda fase do remake, e reforçou que antes das cenas, todos os envolvidos conversam sobre o que devem fazer, e que tudo é levado com muito profissionalismo.
Nudez artística
Como as cenas quentes e os banhos de rio sem roupa eram marca registrada da primeira versão, algumas coisas acabaram sendo mantidas no remake, mas de maneira diferente, sem “mostrar demais”. A sensualidade e a química entre os personagens são o ponto forte, assim como a natureza como principal protagonista nas cenas mais tórridas.
![“Pantanal” oferece ao público nudez artística e cenas de sexo em rio, mas busca fugir da apelação](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2022/05/4-Pantanal-oferece-ao-publico-nudez-artistica-e-cenas-de-sexo-em-rio-mas-busca-fugir-da-apelacao.jpg)
O receio de objetificar os corpos femininos acabou se tornando uma realidade, por isso mostrar os seios ou outras partes em excesso não foi uma opção na nova versão. Se para Benedito Ruy Barbosa a nudez deveria ser encarada sem tabus na década de 1990, a compreensão de que o apelo em busca de audiência não deve ser encarado como uma via, se fez presente.
Com muito profissionalismo, a equipe que trabalha em “Pantanal” (incluindo o corpo técnico) tem mostrado que existem outras formas de despertar a curiosidade e demonstrar a sensualidade do contexto sem necessariamente expor as atrizes.