Com tantos traumas sofridos, Louise nunca tirou uma foto grávida, já que sempre presumiu que perderia o bebê e a lembrança seria dolorosa demais para suportar.
A perda de um filho é uma das situações mais dolorosas para uma mãe, mesmo que ele ainda esteja em sua barriga. O aborto espontâneo é uma condição médica considerada muito comum e, de acordo com o estudo “Incidence of early loss of pregnancy”, publicado no Journal of Medicine, uma em cada três mulheres grávidas passa por essa situação.
Segundo dados do Hospital Israelita Albert Einstein, são cerca de 2 milhões de casos de abortos espontâneos por ano, no Brasil, o que mostra o tamanho da incidência. É considerada uma interrupção involuntária da gravidez e pode ocorrer até a 20ª semana, causando dores físicas e emocionais nas pacientes.
Louise Warnerford passou por 18 perdas gestacionais antes dessa gestação e, em entrevista ao Today, todas a deixaram arrasada, fazendo com que perdesse, cada vez mais, a esperança e os sonhos. Foram quase duas décadas passando por esse sofrimento, mas quando completou 48 anos, finalmente conseguiu levar uma gravidez até o fim.
Como havia sofrido muitos traumas em tantos anos, ela nunca permitiu que nem sequer uma foto fosse tirada enquanto estivesse grávida. Pouco antes de completar 49 anos, Louise deu à luz William, de uma gestação através da fertilização in vitro, com embrião de um doador.
A mulher é escritora no Reino Unido. Ela e seu marido, Mark, 59 anos, já eram conhecidos por toda equipe do hospital, que se emocionou junto com o casal quando a criança nasceu.
![Depois de perder 18 gestações, mulher compartilha história de esperança: “Meu bebê milagroso”](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2021/07/2-2-Depois-de-perder-18-gestacoes-mulher-compartilha-historia-de-esperanca-Meu-bebe-milagroso-400x300.jpg)
Para Louise, sentir William em seus braços foi como se tivesse ganhado na loteria, a euforia tomou conta do seu corpo e todos choravam ao mesmo tempo. A escritora lançou o livro “Baby dreams”, onde detalha sua jornada tortuosa e longa na maternidade, chegando a revelar que estava muito perto de desistir, quando o obstetra Dr. Hassan Shehata a diagnosticou com elevado número de “células exterminadoras naturais” ou NK, como os médicos costumam abreviar.
Esse diagnóstico foi fundamental para que Louise conseguisse engravidar, já que as células NK são um tipo de linfócito produzido pelo corpo humano para combater infecções, mas que podem estar diretamente ligados aos abortos pelos quais ela passou ao longo dos anos.
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Elas têm capacidade de combater células cancerosas ou outras que não sejam naturais do corpo humano, como vírus, mas acabam “pensando” que o feto também deve ser combatido, e provocam abortos.
O médico, então, tratou a escritora com uma simples combinação de esteroides, aspirina infantil e anticoagulantes, fazendo com que, pela primeira vez, ela conseguisse passar da marca de 14 semanas. Então deu à luz William, com 37 semanas e totalmente saudável, após um tratamento não convencional que, infelizmente, não atende a todas as pacientes.
A diretora do Centro para Perda de Gravidez Recorrente, Dra. Lora Shahine, em Seattle, nos Estados Unidos, explica que os médicos tentam, há décadas, ajudar as pessoas que querem engravidar, focando no sistema imunológico dos pacientes, mas acabam deixando-os ainda mais frustrados quando o tratamento não funciona.
![Depois de perder 18 gestações, mulher compartilha história de esperança: “Meu bebê milagroso”](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2021/07/2-4-Depois-de-perder-18-gestacoes-mulher-compartilha-historia-de-esperanca-Meu-bebe-milagroso-400x267.jpg)
Como os estudos científicos atuais não reconhecem esse tratamento como eficaz, a médica pede cautela quanto ao conjunto de reações que pode gerar no corpo humano de quem deseja gestar.
Para Louise, que passou anos sem compreender o que havia de errado com o próprio corpo, submetendo-se a diversos (e caríssimos) tratamentos, ter o próprio filho é uma bênção. A mãe afirma que faria tudo de novo para ter William nos braços, já que o pequeno é seu “bebê milagroso”.