Quando duas pessoas se casam na igreja, elas fazem um compromisso de permanecer juntas até que a morte as separe. Para a Igreja Católica, o casamento é considerado indissolúvel, e o divórcio de um casal não é vista com bons olhos. No entanto, surge a questão: até que ponto devemos nos manter em um relacionamento, mesmo que isso tenha um alto custo? O divórcio e a separação são considerados pecados?
De acordo com a doutrina católica, Deus abomina o divórcio. Isso gera um conflito dentro de nós, pois somos ensinados a ter amor e perdão incondicionais, mas seguimos um Deus que “odeia” o divórcio. Essa imagem de Deus pode parecer demasiadamente humana, com sentimentos de ódio, punição, vingança e ciúme. Criamos um Deus cheio de emoções humanas, muitas vezes primitivas.
Divórcio e separação são pecados? O que diz a Igreja Católica
Segundo o catolicismo, o casamento é indissolúvel e o divórcio e a separação são considerados pecados. No entanto, é permitido em casos de adultério. A traição é vista como uma razão suficiente para justificar a separação, mesmo que Deus “odeie” essa decisão.
Por outro lado, em situações de violência doméstica, espera-se que as pessoas suportem essa realidade até a morte. Não há nada na Bíblia que proíba explicitamente a violência doméstica, embora o mandamento “não matarás” seja uma referência contrária a essa prática. A sociedade atual está buscando superar e combater a violência, a escravidão e outros problemas mencionados em passagens bíblicas.
“Moisés, por causa da dureza dos vossos corações, vos concedeu separar-se de vossas mulheres. Mas não tem sido assim desde o princípio”
Mateus 19
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O Judaísmo e o Islã
No judaísmo, apenas o homem pode solicitar o divórcio, o que demonstra uma visão ainda mais parcial em relação à mulher do que na Igreja Católica.
Já no islã, teoricamente, ambos os parceiros têm o direito de solicitar o divórcio. No entanto, para as mulheres, o processo é consideravelmente mais complicado. Enquanto para o homem basta repetir três vezes a frase “eu te repudio”, para a mulher é exigido que ela prove alguma falta grave do marido, e as instituições tendem a menosprezar e não autorizar os pedidos de divórcio feitos por mulheres.
Essas visões religiosas refletem o fato de que as leis foram escritas pelos homens, evidenciando uma certa desigualdade de gênero. A princípio, Deus não se agradaria da separação, mas os homens têm mais direitos nessa questão.
A perspectiva do Budismo
Vivendo em um país majoritariamente católico, muitas vezes temos a impressão de que essa é a única verdade absoluta. Acreditamos que a Bíblia é literalmente a palavra de Deus e que o restante do mundo está em pecado. No entanto, será que Deus condenaria metade do planeta? Será que Ele enviaria um salvador apenas para o Ocidente, condenando hindus e budistas à eterna danação?
O budismo oferece uma perspectiva muito mais interessante e em sintonia com as emoções humanas. Há uma liberdade de pensamento no budismo, permitindo-nos aprender com nossos erros e encontrar Deus dentro de nós mesmos, sem a necessidade de intermediários. Nessa visão, é natural que uma pessoa infeliz deseje recomeçar a vida, e a separação e o novo casamento são vistos como parte da jornada de evolução humana.
Espiritualismo: Podemos ou não separar
O espiritualismo não costuma apoiar dogmas ou imposições, especialmente quando vão contra a natureza humana. De acordo com visões mais evoluídas, não estamos aqui para temer ou adorar Deus, mas sim para evoluir e expandir nossa consciência, buscando encontrá-Lo.
Nesse caminho, a felicidade é uma parte fundamental, embora muitas vezes seja considerada um pecado pelas religiões. Podemos e devemos buscar a felicidade e a satisfação, desde que isso não prejudique o outro. No entanto, a traição é sempre uma ação que está sujeita à Lei do Retorno e não é louvável. Enganar, trair e mentir são atitudes distantes da natureza divina. A sinceridade deve ser valorizada e estar entre as nossas prioridades.
“O divórcio é tão natural que, em muitas casas, dorme todas as noites entre os dois cônjuges”
Nicolas Chamfort
A sinceridade, mesmo que leve à separação, é importante. Se duas pessoas não estão mais felizes juntas e essa situação afeta negativamente os filhos e a família como um todo, qual é o sentido de continuar insistindo? Se o amor que as unia não existe mais, qual seria o motivo para manter o casamento? Não devemos fazer isso apenas para agradar a “Deus” ou uma religião. Devemos ser fiéis à nossa verdade.
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Separar ou Não Separar? Essa é a Questão
É importante reconhecer que houve uma banalização do divórcio nos tempos modernos. A facilidade com que ele pode ser obtido pode levar as pessoas a tentarem menos manter seus relacionamentos. Enquanto nossas avós se casavam com a ideia de serem unidas para sempre, nos tempos atuais o divórcio é uma opção frequente. Isso também está relacionado à mentalidade imediatista da sociedade, em que as pessoas desejam encontrar a felicidade de forma fácil, rápida e que as satisfaça. Em vez de enfrentar as dificuldades e desafios do relacionamento, muitos optam por encerrar a relação, escolhendo o caminho mais fácil.
No entanto, é importante lembrar que todas essas situações são oportunidades de aprendizado, e essas lições são extremamente valiosas para o nosso crescimento pessoal e espiritual.
“Talvez você case, talvez não. Talvez tenha filhos, talvez não. Talvez se divorcie aos quarenta, talvez dance ciranda em suas bodas de diamante.
Faça o que fizer não se auto congratule demais, nem seja severo demais com você, as suas escolhas têm sempre metade das chances de dar certo, é assim para todo mundo.”
Pedro Bial
Casar, amar, formar uma família, ser sincero, separar, trair – todas essas situações trabalham aspectos da nossa humanidade e, com cada uma delas, temos a oportunidade de aprender o que é necessário para o nosso crescimento. A ideia de um Deus que odeia e que precisa ser agradado e temido, que permite que uma batalha eterna entre o bem e o mal ocorra, é uma visão ultrapassada e falha.
Tudo o que existe e acontece tem uma razão de ser dentro da ordem divina. Em tudo há um propósito. Aqueles que não enxergam isso chamam a falta de propósito de pecado, mas nada existe ou acontece em vão. Deus nunca se limitará a legislar sobre o estado civil das pessoas; pouco importa se somos casados, solteiros ou divorciados. O que realmente importa é se, por meio dessas experiências, estamos nos tornando pessoas melhores – mais conscientes, caridosas, tratando os outros com bondade, especialmente aqueles que estão em uma posição de vulnerabilidade. Importa se damos atenção de qualidade aos nossos filhos, se respeitamos nossos pais, se mantemos o preconceito e o julgamento longe de nossos corações. O amor incondicional, a ajuda ao próximo, a caridade, o desapego, o respeito e o perdão são os objetivos pelos quais Deus se expressa. Nosso estado civil é menos importante do que a experiência que extraímos dele.
Portanto, separe-se, una-se, case novamente, separe-se novamente. Tudo é válido se for para o crescimento da alma e para o bem-estar da família. Devemos deixar de lado os dogmas criados pelos homens e viver nossa própria realidade, nossa própria verdade. Ninguém sabe melhor do que nós mesmos o que se passa em nosso relacionamento. E Deus também sabe. Ele conhece exatamente o que está em nosso coração e sempre guiará nossa vida na direção do que é melhor para nós. Sejamos boas pessoas, seja no casamento ou na separação. O amor é o que importa! Ele não tem gênero nem estado civil.
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A questão do divórcio e da separação é complexa e envolve diferentes visões religiosas e espirituais. A igreja católica considera o divórcio e a separação como pecados, enquanto outras religiões têm abordagens variadas. O budismo, por exemplo, encara a separação como parte da jornada de evolução humana, em que cada indivíduo busca sua própria verdade e felicidade.
No espiritualismo, a ênfase é colocada no crescimento pessoal e na busca por uma consciência expandida. Não estamos aqui para temer ou adorar Deus, mas sim para evoluir e aprender com nossas experiências. O amor, o respeito e a compaixão são valores fundamentais, independentemente do estado civil.
Cada pessoa tem o direito de buscar sua própria felicidade e tomar decisões que sejam melhores para sua vida e para a vida daqueles ao seu redor. É importante que cada indivíduo reflita sobre sua situação e siga sua própria consciência, levando em consideração as implicações emocionais, sociais e familiares envolvidas.
No final, o mais importante é buscar a verdade, o amor e o respeito mútuo em todas as nossas relações, seja no casamento, na separação ou em qualquer outro aspecto da vida.