A cada dia me convenço mais de que existem coisas que as pessoas simplesmente não fazem porque não querem – e não porque não podem – por mais que digam o contrário.
Explico: quando você diz que não tem tempo, que agora não dá, que a vida está muito corrida, que você não tem dinheiro, nem espaço na agenda, que nesse momento é muito difícil para você, que é muito complicado, que o buraco é muito mais embaixo, no que é que você está escolhendo focar? O que é que você está valorizando de verdade? O que é que você está preferindo fazer?
Tudo na vida é uma questão de prioridade, já percebeu? Se eu nunca tenho tempo para encontrar um amigo querido durante a semana, mandar uma mensagem, ligar e saber como ele está, embora eu passe horas e horas de bobeira nas redes sociais, enquanto digo que estou com “muitas saudades”, alguma coisa está muito errada na minha equação também, concorda?
Dizer que ama e que está com saudades, mas nunca “ter tempo” para encontrar, ligar e saber como está, é como dizer que não tem dinheiro “para nada”, mas gastar uma boa bolada naquela balada open bar.
Ninguém tem tempo para encontrar o amigo nem dinheiro para investir em educação financeira e desenvolvimento pessoal e profissional, por exemplo, mas, se for preciso passar horas numa fila para conseguir ingresso para o show do momento, pagando o que tiver que pagar, a pessoa passa. Porque aquilo é uma prioridade, entende?
E tudo o que é prioridade pra gente, não tenha dúvidas disso, a gente dá um jeito de fazer.
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Você pode até me dizer que a sua agenda está realmente lotada e que você não passa nem um segundo em redes sociais e em qualquer outro “ladrão” de atenção e produtividade. Que você mal tem tempo para sentar e comer, porque tudo está muito corrido mesmo. Mas se eu lhe oferecesse dez mil dólares por trinta minutos da sua atenção, pelo menos o tempo para pensar sobre a minha proposta você “arrumaria”, não é verdade?
Veja bem. Não tem hora-extra para comprar na roda da vida. Um dia tem 24 horas e pronto. Mas, muito provavelmente, no caso dos dez mil dólares por 30 minutos do seu tempo, dificilmente você diria: “Tô muito agarrado” ou “Vamos marcar depois?”.
Porque, para você, aquilo passaria a ser uma prioridade, faz sentido?
Com tudo na vida é assim. Quer um outro exemplo? Vamos ao dinheiro. A menos que você realmente viva para pagar o necessário para sobreviver (leia-se: comida na mesa e teto para morar), a grana que você investiu no show, na blusa, na bolsa, no bar ou no que quer que seja, que, venhamos e convenhamos, não entraria nessa lista de “itens necessários para a sobrevivência”, poderia ser investida em outras coisas, concorda? Naquele curso que você “precisava muito fazer”, naquele livro que você estava “doido para ler”, na consulta médica que você vem adiando há tempos, na sessão de terapia, de coaching ou de mentoria que você vive dizendo que “precisa muito” e por aí vai. Coisas que muitas vezes você adia ou não simplesmente não faz porque as considera caras demais, mas caras em relação a quê?
O que percebo, cada vez mais, é gente que quer que as coisas mudem, que o tempo aumente, que o dinheiro brote, que o olho brilhe, que o trabalho prospere e que a saúde reverbere sem fazer esforço algum.
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Gente que quer encontrar o seu lugar no mundo e viver com mais autenticidade e propósito sem se permitir experimentar, investir, errar, cair, arriscar e tentar tudo de novo. Gente que vive dizendo que “quer muito”, “que precisa muito”, “que sabe que vale muito a pena”, mas que, na realidade, nunca coloca todos esses “muitos” como prioridades na vida. E, se assim é, como esperar que algo mude então?
Se você não está disposto a abdicar de absolutamente nada em nome de algo que você diz ser muito importante para você, se você não está disposto a fazer sacrifício algum por algo que você diz “querer muito” e “precisar muito”, será que não é hora de rever prioridades e redefinir valores?
Que importância é essa que nunca se define e se traduz como prioridade na sua vida? Que querer muito é esse?
Culpar a falta de tempo, de dinheiro e do que for, para não fazer o que sabe que precisa ser feito, em muitos e muitos casos, é mera desculpa para não ter que admitir para si mesmo quais são as suas verdadeiras prioridades na vida, o que você tem realmente valorizado, o que tem merecido, de fato, o seu foco e a sua atenção.
Se você não está a fim de fazer o que quer que seja, pelo motivo que for, admita isso para você mesmo. Liberte-se do peso do julgamento, das desculpas, das cobranças. Não faça. Pronto. Simples assim. Mas sem essa de falar que “precisa muito” e que “quer muito”. Porque se a gente realmente quer e precisa, a gente dá um jeito.
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É aquela velha história, sabe?
É fácil dizer que ama. Fácil demais. Eu te amo. Pronto. Está dito. Difícil, mas difícil mesmo, é praticar o amor. Difícil, mas difícil mesmo, é amar.
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