Ser natural é não ser o mesmo sempre…
A naturalidade é algo de que não se pode fugir.
É imanente ao DNA dos seres. Naturalidade não é o mesmo que irracionalidade nem imutabilidade.
É, por isso, estúpido e desrespeitoso exigir de outrem sempre o mesmo proceder.
O ser humano, diferentemente de outros seres, tem um pote cheio de escassez dentro de si.
Quer sempre ser quem não é; por isso tem sonhos, metas, propósitos e outras quaisquer emanações futurísticas.
Quando alguém deixa de agir de um modo para agir de outro, não se perde a identidade.
Contrariamente ao que diz o senso comum, mantém-se a essência do homem: transformar a própria natureza e a natureza circundante.
É impossível ser definitivamente alguma coisa, o homem é «um constante vir-a-ser» [citando Sartre].
Não quer dizer que as pessoas devam tornar-se volúveis, isso seria falta de personalidade.
Convenhamos, porém, que tudo em nós muda conforme a necessidade que temos.
Ser natural é não ser o mesmo, pois apenas o mesmo não nota o tédio da vida repetida. Mudamos até sem querer.
O tédio e a falta marcam a nossa existência e determinam a nossa ação.