Encontrar um amor nos tempos conturbados em que estamos vivendo, é como descobrir um tesouro. É preciso estarmos devidamente preparados, para que não empurremos ladeira abaixo, este objeto tão raro de nossas mais caras apreciações.
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O amor é como um sonho distante, para os incrédulos. É muitas vezes, alvo difícil de ser acertado, mesmo para os mais otimistas. Ele é tal como as ondas do mar, em uma noite tranquila. Mostra-se breve, sereno, mas de tamanha força, que não há como dele fugir, quando ele decida te pegar, assim meio sem jeito.
Diferente da paixão, esta que vem para nos tirar a paz e nos deixar atordoados, podemos sentir que com o amor tudo será transformado. O que antes era apressado, para a estar agora na pauta certa. A fascinação, é quando enxergamos o outro de forma descompassada, sem termos a nítida certeza de quem é a pessoa que está ao nosso lado. Com isso, podemos dizer que estamos apaixonados. O amor é cego, mas a paixão é mais.
Quando estamos inebriados, só o que nos importa, é o calor emanado das labaredas da paixão, mas com o amor, tudo se modificará, o que antes era agitado, passará agora a ser sereno. Mas ele não vem para qualquer um. Os que pensam estar vivendo o amor, manifestado na convivência muitas vezes, enfatizo que este sentir pode traduzir-se muitas vezes a apenas isso, a convivência. Porém, quando isto é devidamente sublimado, existirá algo valoroso em suas mãos.
O amor verdadeiro chega sem avisar, e sem pedir-nos licença. É preciso que o seu coração seja ancião e experiente, quando se queira viver um amor desses de verdade. Motivo de timidez para os imaturos, mas capaz de gerar magnanimidade a todo aquele que esteja desbravando terras, por essas estradas curvilíneas e muitas vezes apressadas dessa vida tão efêmera, mas tão rara, como cantou lindamente Lenine, na canção “paciência”.
Façamos um teste, imagine por um segundo sua vida sem o alvo de seu desejo. Consegue você, imaginar a sua vida sem esta pessoa? Se a sua resposta for não, é porque o amor fez morada em seu templo sagrado, ele está dentro do seu coração.
Penso que existem também vários tipos de amor. Entre eles estão os mais comuns e triviais, bem como muitas vezes, os mais raros de se encontrar, e todos eles terminam por apresentar o seu devido valor.
Esses tipos de amor, são vivenciados por muitas pessoas que compõe estatisticamente o nosso quadro humanitário na sociedade diversificada. Sabemos que em cada espécie valorosa de amor, encontraremos nós, a fonte de que todos precisamos para nos banhar.
O amor possui sentido universal, é claro, mas refiro-me aqui ao amor entre seres adultos e que reconheçam no outro, a outra metade da sua laranja, reconhecendo sempre que somos laranjas inteiras e indivisíveis.
Vale-nos que nos lembremos, que é preciso estar na chuva, se quisermos nos molhar dessas maravilhas que estarão logo ali ao lado, nos esperando. Para isso, basta que enviemos ao universo, um pouquinho de nossas necessidades, de poder fazer parte deste enorme conglomerado de gentes, que saibam fazer do que é dois, infinitos prazeres, estes que são valorosos e inenarráveis.
O respeito, a confiança, o zelo, o carinho, as individualidades preservadas, terminarão por compor este generoso quadro, que o cara lá de cima nos enviará, quando achar estarmos nós, devidamente preparados.
Lembremo-nos sempre, de que a vida é curta, e de que precisamos ser um bom juiz para este jogo, este que na verdade deveria ser tudo, menos um jogo.
Que possamos deixar a alma descoberta e livre de qualquer empecilho, que possa vir então a nos destituir a tão esperada felicidade. É como poder fazer a cama que nos deitaremos mais tarde, estando nós tão cansados dos embates muitas vezes frio e calculista desta imensa vida, cheia de sabores, mas que estará sempre esperando por nós.
Sejamos então generosos para conosco, para que possamos antes de receber, poder doar um pouco de amor, à nossa alma sedenta daquele algo a mais. Falo sobre o algo a mais que todos nós merecemos e esperamos encontrar, por esse feliz e encantado caminhar…
Que possamos e saibamos preparar o terreno para podermos abrigar o outro, para que o relacionamento subsequente que venhamos a vivenciar futuramente, não seja mais um, na estatística dos que tentaram, mas que não deram certo. E isso se dá muitas vezes por incompatibilidade de gênios, este que afasta as pessoas mais caras a nós.
Que possamos cuidar muito bem de nossa alma, para que possamos posteriormente poder cuidar um pouco da alma do outro, esta que virá com a sua bagagem particular, muitas vezes recheada de dissabores e desventuras, em sua história pessoal de vida, antes de conhecer você.
Que possamos ser bons não somente para com o outro, mas torna-se preciso que sejamos bons anteriormente conosco, para que possamos ser colaborativos com as energias muitas vezes densa, deste planeta tão desprotegido e que abriga muitas vezes, as nossas carências mais egoicas.
Que não façamos do outro, um depósito de nossas frustrações, e para isso torna-se fundamental, que namoremos um bom tempo conosco, para que possamos um dia, vir a namorar com outro universo, podendo então, com ele conversar igualitariamente. E será assim então, onde o caráter e as características do outro, devam ser os fatores que possam ser levados demasiadamente em consideração, se quisermos ter um relacionamento rico e valoroso com o então alvo de nossas conquistas.
Que possamos ser como um arco-íris, que após uma longa tempestade de nossas almas, fará com que esse mesmo sol que nos aquece, possa resplandecer vitorioso por estes caminhos, muitas vezes de pedras e sem apresentar antes nenhuma utilidade. E que esse mesmo arco-íris, infinitas vezes, possa portar-se como lindos alvoreceres, fazendo com que as nossas experiências pessoais e que apresentem então unicidade, possam posteriormente vir a ter alguma utilidade e serventia, fazendo-nos crer que o novo dia já vem vindo.
Sejamos o barquinho, sempre à espera de encontrar com outros barquinhos. Mas que não permitamos que ele, mesmo sendo frágil como um papel, possa sofrer fraturas irremediáveis.
Que possamos ser grandes e mesmo desconhecendo o desconhecido, que o saudemos e o convidemos para entrar, e quem sabe podendo então, tomar um bom café da manhã juntos, como recompensa.
E então nos daremos conta, de que não importa quando, mas que a felicidade estará esperando por nós, logo ali ao lado. E para isso, basta que acreditemos que o amor chegará e nos fará então companhia, para os nossos dias tão solitários, muitas vezes…
Que não nos cansemos nunca de esperar, pois uma hora ele virá, e esse dia não tardará. Digo que embora a felicidade possa demorar a chegar, ela não falhará, basta que tenhamos fé, pois um novo dia já vem vindo…E ele será lindo…