Eu ando de férias. Férias do coração. Ele já passou por tanta turbulência, que cheguei à conclusão de que é melhor atracar minha alma num lugar menos conturbado e confuso.
Não que eu queira culpar alguém pelas coisas que aconteceram. Mas chega uma hora que a vida dá muita volta e a gente aprende a se virar sozinha, aprende a conduzir a vida seja, na tempestade ou na calmaria.
Não que eu não tenha coragem de amar. Já tive muita. Já dei a cara pra bater e doeu. Doeu porque o que era doce azedou, o que era amor desencantou, e eu tratei de juntar meus caquinhos e ir colando um a um, até me recompor novamente.
Mas faz parte, faz parte da vida.
A verdade é que estou gostando da minha companhia, estou gostando de cuidar de mim e de não ter que ficar dando satisfações o tempo inteiro.
Porque, não parece, mas sempre virão às cobranças e o achar-se no direito de se apropriar da nossa vida. Afinal, não somos posse e é preciso estabelecer certos limites, goste-se ou não.
O que precisamos é de nosso próprio tempo, nossas incertezas carregadas no coração, menos discursos duros e mais rota de fuga, se as coisas não andarem tão bem.
Eu mesma já fugi e nunca mais quis voltar para o mesmo lugar. E o silêncio foi o que escolhi oferecer. Acho que para bom entendedor, meio amor não basta, e um silêncio intenso assina a sentença de que não se quer estar mais ali.
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Eu ando de férias permanentes. E essa minha permanência está me fazendo bem.
Passar um sábado à noite vendo um filme ou lendo um livro, não é coisa de gente abandonada ou mal amada. É coisa de gente que não se incomoda se alguém está feliz com seu parceiro, ou com a vida do outro.
Eu acho que é coisa de gente bem resolvida, que opta por viver seu momento do jeito que bem entender.
Muitos acham que podem entrar bagunçar, tomar conta e nos prensar contra a parede.
Eu gosto de respirar, ser solta e sentir que não tenho correntes.
Na verdade, precisamos sentir nossas necessidades e abandonar o barco, quando nos sentimos naufragar.
Só fico naquilo que realmente envolve, mesmo sabendo que não me pertence.
Sil Guidorizzi
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