Não, não é antipatia, não é vontade de se afastar das pessoas ou não tê-las por perto. Não é querer que o mundo se cale. É apenas vontade de estar, ficar em silêncio. Mesmo no meio de toda a agitação.
É desejo de falar pouco, de não mexer muito em algumas energias. Não confundir. É estar ali e ser presente, mas com pouca voz, um sorriso, um olhar.
Algumas pessoas têm uma necessidade grande de em alguns momentos não estar o tempo todos dispostas a conversar, falar de coisas, dos outros nem de ideias. É uma necessidade de quietude.
Pode parecer que o silêncio traia. Ele meio que mostra que você às vezes parece de poucos amigos, de meia dúzia de palavras, de pensamentos distantes. Porém, estamos ali, na nossa introspecção nossos pensamentos, nossas dúvidas, devaneios, trabalhando nossas emoções ou tentando lidar com elas.
Não queremos julgamentos, não queremos opiniões sobre nossa pouca fala. Não estamos doentes, nem tristes, muito menos depressivos. Simplesmente é uma vontade de não ser barulho, e que nossa voz se cale se não for para contribuir. Só um pouco de tolerância com este nosso jeito.
O silêncio pode ser uma confissão. Diz que estamos atentos, ou que estamos dispersos.
Ele fala e outros entendem à sua maneira. Ele é conveniente e inconveniente ao mesmo tempo. Entrega, sugere, se revela, pode ser ameaçador quando prolongado, mas se faz tão crucial.
Quieto, a gente se ouve, se percebe, tenta se achar. É bom gostar do próprio silêncio e entender o silêncio do outro. É muitas vezes uma oração se manifestando. Em um mundo de agito, de burburinhos, de vozes querendo a sua vez, de palavras de certeza, aquietar-se é privilégio.
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Não se trata de um silêncio acovardado. Há qualquer momento ele pode ser quebrado. Só uma questão de tempo. E nem é tanto tempo assim. Há coisas que dizemos ao outro e a nós mesmos quando estamos calados. E ele não será para sempre. Só o tempo de fazer o seu trabalho. Basta compreender e se puder, silenciar também.