Para experienciar a real metamorfose, é preciso querer sair do casulo…
Todo começo de ano, eu e meus amigos nos reunimos e aquela famosa pergunta sempre vem à tona: Como foi o seu ano que passou? O que você pretende mudar ou fazer de diferente que não fez no ano passado?
No balanço anual da nossa vida, procuramos respostas para tudo que nos aconteceu. Respostas para os acontecimentos positivos, negativos e até para as coisas que não aconteceram – mas que, na verdade, gostaríamos que tivessem acontecido.
O mais interessante de tudo isso, é que, através desse balanço anual, conseguimos detectar certas situações que precisam ter o seu ciclo fechado para, a partir daí, iniciarmos uma nova etapa.
Fechar um ciclo significa encerrar um capítulo da nossa vida que não faz mais sentido.
Pensando nisso, me lembrei de um conto infantil que o meu avô me contou tempos atrás.
Era sobre uma borboleta que, depois de passar por todos os seus ciclos (ovo, lagarta e crisálida), ficava recordando, com muitas saudades, de seu tempo no casulo e de sua vida como lagarta. Estava cansada de viver voando, de flor em flor, a depositar seus ovos. Queria apenas voltar no tempo, pois tinha saudade de quando tudo era mais simples. Queria voltar a ser lagarta, quando apenas rastejava, sem muito esforço, comendo tudo o que via pela frente. Ou talvez se transportar para os dias de casulo, quando sentia-se acolhida e protegida de tudo.
Embora esta história tenha sido contada para mim quando era criança, percebo que ela se relaciona muito com a nossa vida adulta.
O processo de fechar ciclos pode acontecer tanto na nossa vida pessoal quanto profissional, pois a vida não é um jogo de cartas marcadas. Às vezes não queremos perder pessoas, posições ou aceitar que uma fase terminou. Temos dificuldade de entender que perder é necessário para ganhar novas oportunidades. É parte integrante do nosso processo de crescimento e humanização. Por isso, antes de começar um novo ciclo, é preciso fechar o antigo.
Como uma das minhas amigas questionou: “Quem aqui viveu ou conhece alguém próximo que tenha passado pela situação desagradável de ter perdido o emprego ou ter terminado uma relação que acreditava ser “para sempre” e não foi? ”
E ela continuou: “Eu mesma fiquei casada por seis anos e tinha certeza que seria “para sempre” – e não foi! Não por falta de amor, mas porque tomamos rumos diferentes. Ambos mudaram a forma de pensar, os objetivos de vida passaram a ser diferentes. Os desencontros do dia a dia acabaram por desgastar o relacionamento. Quando não há uma parceria e objetivos claros e de comum acordo, o fim do casamento é inevitável – ou ele se torna uma mera formalidade. No meu caso, foi bom que isso tenha acontecido, pois fechei esse ciclo que estava me fazendo mal, para dar início a outro que tem me feito muito bem até agora. Tudo com muita calma, sem cobranças e leve como deve ser.”
É, a vida tem dessas coisas…
Ela nos aproxima das pessoas, mas também nos afasta. E, na nossa incompreensão, relutamos.
Cabe a nós aceitar essas mudanças e deixar passar aquilo que não nos pertence mais.
Nós sabemos que o ato de “deixar passar” para encerrar um ciclo nem sempre é fácil. Eu mesma, quando deixei uma das empresas na qual trabalhei, demorei para me desapegar da equipe, do ambiente…
Demorei para aceitar que aquela vida que eu tinha não me pertencia mais.
As coisas passam, e o melhor que temos a fazer a nós mesmos é deixar que elas realmente possam ir embora, para que outras melhores entrem na nossa vida.
Quando fechamos ciclos, temos a oportunidade de começar novas etapas na vida, iniciar um novo ciclo. Por isso, nesse ano que se inicia, se dê a chance de renovar, fazer diferente e melhor, de recomeçar!
Hoje, eu acredito que o maior ato ao se fechar um ciclo é se desprender do passado e viver o momento presente, sem se preocupar com o que o futuro nos reserva.
E você querido leitor, já fez seu balanço geral de ano novo? Já detectou algum ciclo novo em sua vida? O que está te prendendo? Se forem as saudades do “casulo” ou dos tempos de “lagarta”, lembre-se de que isto pode lhe custar a sua chance de voar!