Considerada como uma das maiores jornalistas do Brasil, Glória Maria fez história tanto na televisão quanto nos meios impressos.
Suas coberturas, em sua grande maioria, renderam grandes furos de reportagem, algo bastante perseguido pelos profissionais da imprensa à época.
Dentro de sua profissão, a jornalista foi testemunha de vários eventos históricos, como a posse de Jimmy Carter, nos Estados Unidos; fez cobertura da Guerra das Malvinas, na Argentina; como também foi até o Peru para cobrir a invasão da Embaixada do Japão por um grupo terrorista local, sendo a primeira mulher brasileira a realizar a cobertura de um conflito armado.
De acordo com o G1, a jornalista visitou mais de 160 países ao longo de toda sua carreira, os quais terminou participando de inúmeros eventos históricos. Tornou-se bastante conhecida por suas reportagens especiais.
Infância
Glória Maria Matta da Silva, nascida no Rio de Janeiro em 15 de agosto de 1949, era filha de Cosme Braga da Silva, um alfaiate, e de Edna Alves Matta, uma dona de casa. Boa parte de sua infância, ela estudou em escolas públicas onde teve grande referência cultural.
Ainda na escola, a jornalista teve aulas de inglês, francês e latim, onde teria vencido, inclusive, vários concursos escolares. Logo, ela passou a cursar Jornalismo na Pontifícia Universidade Católica, no Rio de Janeiro, e conciliava com o emprego de telefonista da Embratel.
Formação e carreira
Segundo o G1, a jornalista foi contratada pelo Grupo Globo em 1970. À época, os jornalistas ainda não apareciam à frente das câmeras, então ela começou como rádio-escuta. Em sua função, Glória Maria era encarregada de ouvir as frequências da rádio da polícia para descobrir possíveis informações, bem como era solicitado a ela que ligasse para batalhões e delegacias, com a mesma finalidade.
Um ano depois, estreou como repórter em uma grande cobertura, onde apareceu pela primeira vez em vídeo sobre o desabamento do Elevado Paulo de Frontin, no Rio de Janeiro. Em entrevista ao Memória Globo, a jornalista agradeceu ao repórter cinematográfico Orlando Moreira, com quem trabalhou no começo de sua carreira.
Em 1977, Glória Maria viajou aos Estados Unidos para cobrir a posse do então presidente eleito dos Estados Unidos Jimmy Carter. Sua gestão foi marcada pela constante defesa dos direitos humanos. Em 2002, o ex-presidente recebeu o Prêmio Nobel da Paz.
Contudo, suas coberturas corajosas não pararam por aí. Em 1982, a jornalista viajou até a Argentina para cobrir a Guerra das Malvinas, que foi marcada pelo conflito entre o país sul-americano contra a Inglaterra, pela posse e controle das Ilhas Malvinas.
Com a cobertura, Glória Maria terminou se transformando na primeira mulher jornalista a cobrir uma guerra de semelhante magnitude. Ela acabou ficando cerca de um mês e meio reportando o conflito, e ao vivo, ela reportou o cessar-fogo do conflito.
Em sua participação no programa Encontro, Glória Maria lembrou de vários detalhes de sua cobertura. Segundo ela, o evento foi de grande importância para sua carreira profissional e abriu mais espaço dentro do Grupo Globo.
“Não era uma guerra com tiros, era com minas. Eu nunca tinha coberto uma guerra, mas queria ir. Achava que era uma coisa importante para mim. Depois me arrependi, porque eu não dormia, esperando ou temendo que eu tivesse que ir para aquele terreno minado”, revelou a jornalista.
Ainda no programa, no ano passado (2022), a jornalista confessou que tinha vontade de realizar mais uma cobertura de guerra, desta vez na Ucrânia. “Acho que enquanto eu for jornalista, ainda vou ter essa vontade de estar onde está o acontecimento”.
Infelizmente, ela não teve essa oportunidade.
Em 1996, ela viajou até o Peru para cobrir a invasão do grupo terrorista Tupac Amaru que invadiu a embaixada do Japão. À época, esperava-se que fosse celebrada uma festa em homenagem ao aniversário do imperador do Japão. O evento receberia inúmeros diplomatas do mundo inteiro.
No total, o grupo terrorista teria rendido pelo menos 400 pessoas, entre elas estava o então embaixador brasileiro no país.
Em sua entrevista, no programa Roda Viva, da TV Cultura, a jornalista disse que essa teria sido uma das coberturas mais difíceis que fez em toda sua carreira profissional. Alguns reféns ficaram mais de 120 dias em cativeiro. Quando os militares peruanos resolveram invadir a Embaixada do Japão, houve um confronto direto contra os guerrilheiros, que foram mortos na hora.
Além dos terroristas, um juiz da Suprema Corte peruana também foi morto no local.
Já dentro da área esportiva, sua primeira cobertura foi nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1984, e depois em Atlanta, em 1996. Em ambas ocasiões, Glória Maria acompanhou as delegações brasileiras. A jornalista também cobriu a Copa do Mundo na França, em 1998, e participou também da cobertura dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, em 2016.
Enquanto esteve no Fantástico, a jornalista entrevistou inúmeras celebridades, entre elas Michael Jackson, Freddie Mercury, Harrison Ford, Nicole Kidman, Leonardo Di Caprio, Madonna entre outros.
Vida pessoal
À revista Quem, a jornalista revelou que teve inúmeros relacionamentos românticos, mas nunca revelou os nomes de seus parceiros. Poucos foram conhecidos pelo público, como o engenheiro austríaco Hans Bernhard, o francês Eric Auguin, o empresário português Frederico Fragoso e o sueco Martin Stenmarck.
Em 1970, ela teria se relacionado com José Roberto Marinho, filho de Roberto Marinho, fundador da TV Globo.
Durante uma entrevista ao youtuber Matheus Mazzafera, a jornalista teria revelado que teve um flerte com o ator escocês Gerard Butler. Ele estaria no Brasil para divulgar o filme 300, com Rodrigo Santoro, e Glória Maria teria sido convidada para a festa de lançamento.
“Parece que ele gostou de mim e saímos de lá juntos e ficamos um pouco juntos. Ele é um amor. Não vou negar, porque sou livre, dona da minha vida, e ele também é, aquele gato. Não foi bom não, foi ótimo!”, confessou a jornalista.
Em 2009, Glória Maria adotou duas meninas soteropolitanas, Maria e Laura, que conheceu durante suas visitas à Organização de Auxílio Fraterno de Salvador, Bahia.
Falecimento
A jornalista Glória Maria morreu no dia 2 de janeiro deste ano (2023), em decorrência a um câncer de pulmão, que apesar de ter realizado tratamento bem-sucedido, ela passou a ter metástase no cérebro, onde também obteve êxito pós-cirúrgico.
Infelizmente, no ano passado (2022), segundo o G1, Glória Maria teria começado uma nova fase do tratamento para combater novas metástases cerebrais, mas não resistiu e faleceu no Hospital Copa Star, no Rio de Janeiro.