Carta O Ditado Popular
Descobri-me seguidora involuntária de ditados populares. Os seguia por impulso, por hábito e verdade seja dita, a minha vida poderia ser descrita por meio deles:
Sempre acreditei que cada cabeça possui sua sentença, por isso acostumei-me a ser aquela cega que não queria ver. E continuei acreditando em suas juras, mesmo sabendo que quem muito jura é o que mais mente.
Eu que sempre julguei os esperançosos, os verdadeiros tolos, tão iludida estava que não percebi que havia me agarrado a esperança e por ela morreria. Mas precisei chegar ao fundo do poço para compreender que quem ama cuida, e que não cuidamos um do outro. Na verdade, éramos como beleza sem virtude e rosa sem cheiro e nos acostumamos ao jogo escuso do verde pelo maduro. Quanto ironia, nós dois adultos, maduros, esclarecidos e bem, vivíamos da crença tosca de quem com ferro fere, com ferro será ferido. Veja só nós dois, sabotando a si mesmos em um desejo obsceno de ver quem riria por último.
Perdemos um precioso tempo que se esvaiu por entre as rachaduras de nosso ego, de nossa falsa vida feliz. Éramos dois iludidos, que tudo queriam, mas nada tinham. Nos perdemos em meio às meias palavras que não bastaram, pois as interpretávamos conforme nossas mágoas, frustrações por quem havíamos nos tornado.
Se houvéssemos sabido calar até o tempo de falar, mas, infelizmente não soubemos e por isso gritamos alto toda a nossa dor. E sem o menor temor com ferro ferimos e com ferro fomos feridos, pois ingenuamente nos deixamos ser guiados pela ira. Tolos fomos ao acreditar que não adiantava chorar pelo leite derramado e por isso não nos importamos de continuar a derramar.
Hoje, meu amor, aceitei que da vida, o amor é o mel e do amor o ciúme é o fel.