Depois de uma seca que assolou sua região e obrigou os moradores a migrarem, Yacouba Sawadogo decidiu permanecer e investir nas terras inférteis.
A urgência em resgatar e manter íntegro o meio ambiente não é uma novidade. Há muitos anos, o planeta vem experimentando climas extremos em algumas regiões, chegando a afastar completamente qualquer tipo de vida humana. O frio exagerado, o degelo das calotas polares e o calor intenso são algumas das consequências do desmatamento de florestas nativas e da monocultura.
Para que essas regiões recuperem seu ecossistema, é necessário que pessoas interessadas nessa reconstrução se dediquem à causa. É impossível recuperar a flora e fauna de um espaço sem indivíduos que se importem com a natureza. Em Burkina Faso, país que se estende entre o deserto do Saara e o golfo da Guiné, no continente africano, Yacouba Sawadogo é uma dessas pessoas comprometidas com o planeta.
Nascido em 1946, em Yatenga, Yacouba Sawadogo recebeu educação corânica em Mali, e retornou ao seu país para trabalhar como vendedor num mercado local, mas tinha a agricultura como conhecimento ancestral e aptidão. Segundo reportagem da Revista Globo Rural, em 1980, uma seca assolou a região rural em que morava, tornando as terras áridas e totalmente inférteis.
Os rendimentos agrícolas caíram drasticamente, a população morria de fome, impelindo as pessoas a migrarem em massa para as cidades, em busca de oportunidades, alimento e moradia.
Yacouba decidiu ficar em sua região e encarar o desafio de recuperar as terras desérticas que se instalaram, sendo protagonista de uma das maiores histórias de sucesso ecológico do mundo.
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Sozinho, Yacouba decidiu colocar em prática tudo o que havia aprendido com seus ancestrais. Sem técnicas avançadas, fertilizantes caríssimos ou equipamentos de última geração, o homem resgatou e combinou técnicas seculares de seus antepassados, colocando-as em prática novamente em sua região. Yacouba foi considerado um louco por ser impossível fazer crescer vida em um deserto mas, quando suas primeiras lavouras floresceram, a população que resistiu no local ateou fogo, acreditando que ele nunca conseguiria.
![Homem cultivou sozinho uma floresta que foi capaz de combater a seca no deserto de sua região!](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2021/02/2-Homem-cultivou-sozinho-uma-floresta-que-foi-capaz-de-combater-a-seca-no-deserto-em-sua-regiao.jpg)
Yacouba persistiu em seus objetivos, nada era mais importante do que recuperar aquele solo, fazer reviver o meio ambiente de sua região natal. Para alcançar suas metas, ele combinou duas importantes e antigas técnicas agrícolas: o zaï e as barreiras de pedras.
Zaï é o nome que se dá à prática de cavar buracos regulares próximos uns aos outros, eles são preenchidos com fertilizantes naturais e ajudam na recuperação do solo. Durante o período de chuva, esses buracos são capazes de armazenar e distribuir a água de forma mais homogênea.
As barreiras de pedras possuem o tamanho de um punho e são colocadas por toda a área que se deseja plantar. Essas barreiras ajudam a reter a água durante o período de chuva, evitando erosões e ajudando o solo a absorver os nutrientes de que necessita. Parece uma simples técnica, mas funciona apenas quando feita de forma ininterrupta.
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A persistência de Yacouba foi capaz de transformar aquela região completamente desertificada entre Burkina Faso e Níger em uma floresta de 40 hectares, com mais de 60 espécies de árvores.
Yacouba também conseguiu produzir milho, sorgo, pasto, mel e frutas. O respeito pelo solo fez com que fosse possível criar vida naquele espaço.
![Homem cultivou sozinho uma floresta que foi capaz de combater a seca no deserto de sua região!](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2021/02/3-Homem-cultivou-sozinho-uma-floresta-que-foi-capaz-de-combater-a-seca-no-deserto-em-sua-regiao.jpg)
Especialistas em meio ambiente do continente africano são unânimes em reconhecer que Yacouba alcançou resultados mais impactantes do que inúmeras iniciativas de organizações estrangeiras. Em 2018, ganhou o prêmio Right Livelihood Award, chamado de Nobel Alternativo, concedido pela entidade independente e apartidária Right Livelihood Foundation, que apoia iniciativas que solucionam problemas globais.
A entidade o premiou por transformar a terra árida em floresta e demonstrar maneiras de regenerar o solo com a combinação inovadora de técnicas locais e indígenas.
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