A jornalista fez questão de responder aos ataques que recebeu. Confira!
Karla Lucena, jornalista que trabalha para a TV Globo em Brasília, passou por um experiência de preconceito recentemente e resolveu falar sobre o caso em suas redes sociais. Em uma publicação no Twitter, ela contou que sofreu racismo após uma passagem ao vivo no canal GloboNews.
A jornalista explicou que uma pessoa lhe mandou mensagem dizendo que o seu cabelo é “muito bagunçado e feio“, apenas porque ela é adepta do estilo black power.
“Depois de muito pensar, vou relatar por aqui. Hoje mais cedo, na rede social vizinha, após uma entrada minha ao vivo na GloboNews, uma pessoa disse que eu precisava ‘pentear’ e ‘arrumar’ o meu cabelo porque estava muito ‘bagunçado’ e ‘feio‘”, contou. Karla Lucena acrescentou que a mesma pessoa lhe disse que “acordava cedo” todos os dias para arrumar o próprio cabelo e que ela deveria fazer a mesma coisa.
Embora essa seja uma mensagem bastante desagradável de receber, Karla Lucena fez questão de mostrar que as palavras negativas do crítico não a intimidaram. “Queria dizer muitas coisas, mas vou resumir: não passarão! Vai ter cabelo black na TV!“, retrucou ela.
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Sua postagem foi vista por centenas de pessoas, e a jornalista recebeu muito apoio. “O nome disso é racismo. Respira e segue, minha querida. Te abraço“, escreveu uma pessoa. “Triste a pessoa que não sabe se conformar ao ver uma mulher talentosa“, pontuou um segundo internauta. “Liga não, Karla. É inveja de você“, acrescentou outro.
Karla Lucena agradeceu pelas mensagens e pelo apoio recebido, e acrescentou que seguirá “sendo resistência“.
Jornalista fala sobre racismo em evento no DF
Recentemente, outra jornalista denunciou um episódio de racismo, dessa vez presencialmente. Segundo informações do O Globo, Luana Gomes, de 32 anos, produziu o evento Quintal do Samba, na sede da Acadêmicos da Asa Norte, no Distrito Federal, e foi chamada “preta desgraçada” e “macaca” após acompanhar uma enfermeira chamada Priscila Pereira de Oliveira, de 38 anos, que estava na fila, até um banheiro.
Luana contou que estava chovendo muito no dia do evento, e que eles tiveram que interromper as atividades, focando em gerenciar a crise. Segundo seu relato, a enfermeira chegou na hora em que não estavam sendo permitidas novas entradas, porque não sabiam se o evento continuaria.
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A mulher queria comprar um ingresso, e quando ouviu que não estavam mais sendo vendidos, pediu para os seguranças que cuidavam a entrada do evento para fazer xixi. Como ela insistiu e estava chorando, os seguranças só poderiam liberá-la caso Luana ou outras meninas da produção autorizassem.
Luana se sensibilizou com a situação da mulher e resolveu permitir que ela fosse no banheiro, desde que a acompanhasse. No entanto, no caminho até o banheiro, a mulher que há havia bêbado, começou a ficar alterada, e disse à jornalista que o evento estava fracassado e agrediu Luana com suas palavras.
Chateada com a situação, a jornalista lhe disse que era para ela fazer xixi e voltar para a bilheteria.
Quando chegaram na porta do banheiro, segundo Luana, a mulher lhe perguntou se ela não iria entrar. Luana respondeu que não, e então a mulher tirou uma nota de cem reais e disse que podia pagar pelo evento.
A jornalista disse que não estava interessada no dinheiro, apenas que a mulher fizesse xixi e a acompanhasse até a bilheteria. Ela se recusou a fazer xixi e saiu do banheiro. Como o chão estava meio molhado e ela estava bêbada, Luana segurou nela como uma maneira de ajudá-la, e a mulher lhe disse para não tocá-la.
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Conforme relatado por Luana, quando as duas chegaram à portaria novamente, a mulher começou os ataques racistas, a chamando de: “Sua preta desgraçada, sua macaca“.
Priscila foi levada para a 2ª DP (Asa Norte). Uma testemunha uvida no local revelou que presenciou o momento dos xingamentos. A enfermeira, por sua vez, negou os xingamentos, afirmou que não é racista, e acrescentou que “foi casada com um homem negro, tem filhas negras e atualmente inclusive namora um homem negro“. Após pagamento de fiança no valor de R$ 2,5 mil, ela foi liberada.
Luana foi até as redes sociais e lamentou o fato da enfermeira não ter ficado presa. O perfil do evento Quintal do Samba fez uma postagem de repúdio em relação ao episódio:
“O Quintal do Samba sempre pregou e pregará o respeito, exaltou e exaltará a diversidade e esteve e estará na linha de frente da luta pelos direitos das mulheres e da luta antirracista. Gostaríamos de prestar nossa solidariedade à nossa amiga e colaboradora Luana Gomes, que foi vítima de declarações racistas de uma frequentadora da festa. É inaceitável que o preconceito e o racismo continuem a ter espaço em nossa sociedade. Mo samba, símbolo da luta do povo negro, esse tipo de comportamento precisa ser combatido pelos músicos, pelas produções e pelo público. Iremos até o fim junto com Luana para que esse crime não seja esquecido e para que a criminosa seja punida devidamente“.