A jovem de 24 anos passava por um grave quadro de depressão.
Com o passar dos anos, tivemos um aumento nos casos de depressão no Brasil e no mundo, diariamente observamos notícias de jovens e adultos perdendo a batalha contra a depressão e tirando a própria vida.
Sempre considerada como “frescura”, essa doença é cada vez mais debatida em vários cenários da sociedade, como escolas, filmes e por meio de ações sociais de grupos de apoio e vários outros.
Ana Luísa, de 24 anos, foi uma das inúmeras vítimas da depressão. A filha da produtora de eventos Ana Rosa Augusto infelizmente não resistiu à batalha contra a depressão. Num relato postado nas redes sociais, a mãe chegou a comparar a doença como um câncer, em que o paciente infelizmente não escolhe ter a doença, mas precisa fazer de tudo para lutar e vencer a batalha.
Em um desabafo em forma de despedida e agradecimento pelas mensagens recebidas depois da morte da jovem, Ana Rosa pontuou vários fatores e histórias que explicam sobre a vida e a morte de Ana Luísa.
Terminando a faculdade de Fashion Design, foi nessa época que a família conseguiu identificar os primeiros sinais do quadro crítico de Ana. No início, a família pensava ser um estresse rotineiro por conta do trabalho de conclusão de curso (TCC), mas um tempo depois, a família precisou levar a jovem a um profissional da saúde por conta dos recorrentes desmaios, dor forte no peito e falta de ar.
Depois de se graduar no curso tão desejado, Ana Luísa começou a apresentar um agravamento em seus sintomas, mesmo tomando alguns medicamentos e todos os exames dando negativos para algum tipo de distúrbio na tireoide, a família começou a se preocupar e decidiu então levar a filha a um renomado psiquiatra. O médico deduziu que os ataques de pânico pudessem ser passageiros por conta das festas de fim de ano e outros fatores. Nesse momento, Ana iniciou um tratamento multidisciplinar, utilizando remédios mais fortes consorciados com o auxílio da terapia.
Para o tratamento ser um sucesso, o paciente deve se identificar com o terapeuta e manter uma relação de segurança e confiança, conseguindo se abrir e revelar todas as feridas que possam estar causando esse grave quadro, e foi exatamente isso que aconteceu com a jovem. Com um bom tempo de tratamento com outros profissionais, a família encontrou uma psicóloga com quem Anne (apelido carinhoso utilizado pela mãe) conseguiu se abrir sobre os sentimentos ruins que a rondavam.
Nos últimos dois anos, a psicóloga acompanhou Ana, que a essa altura já tinha sido identificada com depressão profunda e todos os agravantes psiquiátricos da doença. A designer de moda também fazia acompanhamento terapêutico com uma naturóloga e, como procurava manter a cabeça ocupada, chegou a concluir um curso de Estamparia na Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), na cidade de São Paulo.
Ana Rosa começou a desconfiar de que algo havia acontecido anos atrás e teria desencadeado a doença da filha, segundo a própria. E foi como um instinto materno, semanas depois, a pedido da própria filha, que a psicóloga a chamou para conversar e revelou o difícil trauma vivido pela moça aos 10 anos, no colégio particular onde estudava.
Um rapaz de 16 anos passou a abusar sexualmente da menina quando ela entrou no colegial e passou a conviver com os meninos mais velhos. O abuso durou cerca de seis meses, segundo o relato de Ana Luísa. Esse rapaz ameaçava matar seus pais, caso ela contasse para alguém sobre os abusos. A mãe se culpa por não notar na época a mudança na personalidade da filha, como vestir roupas de meninos e se recusar a frequentar as aulas de educação física. O fato infelizmente só foi evidenciado 10 anos mais tarde.
Encerrando o seu relato, a mãe deixa claro que Ana em nenhum momento foi fraca, pelo contrário, ela lutou com bastante garra e apenas encontrou uma maneira de colocar um fim nos seus medos e pensamentos, ela encontrou a paz. Ana Rosa ainda diz que não sabe distinguir se sentiu mais dor vivenciando a dor diária da filha ou a dor da sua morte, e finaliza com a frase: “Sonhos não terminam, apenas adormecem”.
Segundo o site do governo da Bahia, um suicídio acontece a cada 40 segundos no mundo, várias vidas são perdidas em questão de horas, os fatores são variados e todos singulares, mas o principal motivo sempre é a angústia de se sentir deslocado e não conseguir compreender os confusos sentimentos.
O Centro de Valorização da Vida (CVV) oferece apoio emocional e prevenção do suicídio. Se você está passando por alguma dessas situações, ligue 188!