Uma história de angústia acompanhou a vida de Mandy Alwood, que acabou perdendo uma batalha para o câncer.
O sofrimento de uma mãe que vê um filho partir é inexplicável e uma ferida incapaz de cicatrizar. A sensação de perda se torna frequente, assim como o vazio que habita o peito de quem gestou por meses, acompanhou parte de seu crescimento, mas viu tudo se esvair de uma hora para outra.
A morte de um filho se mostra incurável, mas a morte de oito filhos nos coloca defronte da fragilidade da vida. Para a octomãe Mandy Allwood, a tragédia fez parte de sua narrativa desde que terrivelmente perdeu os oito bebês que gestava até este ano, quando perdeu uma árdua batalha que travava contra o câncer, aos 56 anos.
Mandy foi sepultada no dia 3 de fevereiro, e não tinha a companhia de nenhum ente querido, dando um tom ainda mais sensível à sua história, que começou há 26 anos, quando se tornou destaque em vários jornais ao anunciar que daria à luz óctuplos. Apenas alguns meses depois, o mundo ficou diante do sofrimento da mãe, que passou três dias e três noites em trabalho de parto, com 24 semanas, vendo os seis meninos e as duas meninas morrerem um a um.
Nenhum dos bebês sobreviveu, e mesmo sendo mãe de outros três filhos depois da tragédia, fontes afirmam que ela nunca conseguiu se recuperar do trauma. Na época, segundo reportagem do The Sun, ela chegou a ser consolada pela princesa Diana, dada a gravidade da situação.
Mandy ainda teve “gestações fantasmas”, sentindo com exatidão os bebês chutando, mas sem estar esperando nenhuma criança, assimilando o que muitos chamam de “gravidez psicológica”. Algum tempo depois da perda dos oito filhos, ela e o companheiro Paul Hudson se divorciaram, fazendo do álcool seu único refúgio.
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Mas o álcool também seria seu calvário, pois Mandy perdeu a guarda dos três filhos porque foi flagrada dirigindo embriagada e com eles no carro. A partir de então, afastar-se dos familiares foi outra necessidade, sendo esse um dos motivos para ninguém comparecer à sua cerimônia de cremação.
A família não quis comentar o caso, e um amigo de Mandy, Mark Beard, de 58 anos, explicou que ela estava lutando contra o câncer havia algum tempo, chegando a ser operada antes do Natal do ano passado. Mesmo assim, o tumor teria voltado, mas ele não soube explicar de qual tipo era.
Dono de um pub no condado de Warks, na Inglaterra, Mark explica que foi onde conheceu Mandy, que ia ao local duas vezes por semana. Falando com carinho sobre a amiga, ele explica que a considerava “excêntrica e maluca”, mas esses eram justamente os motivos que faziam todos amá-la. Sempre disposta a conversar, Mark ainda revela que, em alguns dias, falava um pouco sobre o que tinha passado, sobre a perda dos oito filhos.
Os filhos receberam os nomes de Kypros, Adam, Martyn, Cassius, Nelson, Donald, Kitali e Layne, e foram sepultados em pequenos caixões brancos à época. A mãe contou ainda que embalou cada filho que nasceu por cerca de duas horas e meia, vendo-os morrer em seus braços. Quando sentiu o último chegando, pediu a Deus que pelo menos ele sobrevivesse, mas infelizmente também morreu.
Todos os anos, a mãe colocou flores para os oito filhos no cemitério West Norwood, que fica no sul de Londres. Sem conseguir mudar o passado, mas também sem conseguir esquecer o que tinha acontecido, ela precisou carregar as memórias sozinha, pois esteve boa parte do tempo sem nenhum familiar ou amigo para apoiá-la.
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