Mario Molina, cientista mexicano, fez uma grande descoberta que trouxe à luz um problema ambiental significativo relacionado à destruição da camada de ozônio. Molina e seus colegas identificaram que o gás clorofluorcarboneto (CFC), também conhecido como freon, era o principal responsável por um buraco cada vez maior observado na camada de ozônio.
Desde o final dos anos 1920, o CFC era amplamente utilizado em produtos como sprays aerossóis, espumas, solventes, e sistemas de refrigeração e ar-condicionado devido à sua estabilidade química na baixa atmosfera, onde não reagia com outros compostos.
No entanto, quando o CFC alcança a estratosfera, ele é exposto à radiação ultravioleta, que causa a desintegração da molécula de CFC. Nesse processo, os átomos de cloro liberados reagem com as moléculas de ozônio (O3).
O cloro rouba um átomo de oxigênio do ozônio, transformando-o em oxigênio molecular (O2). Essa reação não só destrói o ozônio mas também transforma o átomo de cloro em monóxido de cloro (ClO), que continua o ciclo de destruição ao reagir com oxigênio livre, liberando novamente o cloro na atmosfera.
Essa cadeia de reações acontece simultaneamente e de forma contínua, onde um único átomo de cloro pode destruir cerca de 100 mil moléculas de ozônio.
A descoberta de Mario Molina foi fundamental para compreender a gravidade do impacto dos CFCs na camada de ozônio e levou a mudanças globais na produção e uso dessas substâncias, visando a proteção desse importante escudo contra a radiação ultravioleta.
Como o descobrimento de Mario Molina impactou a comunidade científica?
Na década de 1980, pesquisadores baseados na Estação Científica Halley Bay, localizada na Antártica, fizeram uma descoberta crucial que reforçou os estudos anteriores de Mario Molina.
Eles identificaram um grande enfraquecimento na camada de ozônio acima da Antártida, fenômeno que passou a ser conhecido como o “buraco da camada de ozônio”. Essa descoberta foi fundamental para evidenciar os impactos nocivos dos CFCs (clorofluorcarbonetos) na atmosfera.
Em resposta a essas preocupações crescentes, foi estabelecido em 1989 o Protocolo de Montreal, um acordo internacional assinado por 197 países. O objetivo desse protocolo era reduzir significativamente a utilização e emissão de gases CFC, conhecidos por sua capacidade de destruir a camada de ozônio. Este acordo é considerado um dos mais eficazes tratados ambientais da história, com estudos indicando que o buraco na camada de ozônio poderia ter sido até 40% maior sem as medidas adotadas.
Como resultado das restrições impostas pelo Protocolo de Montreal, muitos produtos que anteriormente utilizavam CFC, como as embalagens de sprays, passaram a usar o GLP (gás liquefeito de petróleo), que é consideravelmente menos prejudicial para o meio ambiente.
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Apesar dos sucessos alcançados, o desafio de proteger a camada de ozônio ainda persiste. Fatores como a crescente poluição, as cinzas de vulcões e os incêndios florestais contribuem para novos aumentos no tamanho do buraco da camada de ozônio.
No entanto, é inegável que sem os esforços pioneiros de Molina e seus colaboradores, os danos à camada de ozônio poderiam ter sido muito mais devastadores.
Quem foi Mario Molina?
Mario José Molina-Pasquel Henríquez, nascido na Cidade do México em 19 de março de 1943 e falecido na mesma cidade em 7 de outubro de 2020, foi um renomado químico mexicano reconhecido internacionalmente por seu trabalho pioneiro na identificação de substâncias químicas prejudiciais à camada de ozônio atmosférico.
Segundo a Wikipédia, Mario Molina era de uma família mexicana de intelectuais, sendo filho de um diplomata e sobrinho de uma química, o que permitiu que o cientista tivesse uma formação acadêmica forte.
Na década de 1960, ele se formou em química pela Universidade Nacional Autônoma do México. Posteriormente, prosseguiu com seus estudos de pós-graduação na Alemanha e nos Estados Unidos, onde obteve seu doutorado pela Universidade da Califórnia em Berkeley.
Após concluir seus estudos, Mario Molina trabalhou em várias instituições acadêmicas nos EUA e mais tarde juntou-se ao corpo docente do Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT), onde também adquiriu a cidadania americana.
Mario Molina dedicou grande parte de sua carreira à química ambiental, focando especialmente nos impactos de certos produtos químicos no meio ambiente.
Foi um dos primeiros cientistas a identificar os perigos que os clorofluorcarbonetos (CFCs), utilizados em aerossóis industriais e domésticos, representavam para a camada de ozônio.
Seu trabalho nessa área foi tão impactante que, junto com Paul Crutzen e Frank Sherwood Rowland, ele foi laureado com o Prêmio Nobel de Química em 1995, reconhecendo suas contribuições para a “química atmosférica, particularmente em relação à formação e decomposição do ozônio”.
Além do Nobel, Mario Molina foi admitido na Pontifícia Academia das Ciências em 2000, destacando-se como um dos três químicos mexicanos notáveis ao lado de Andrés Manuel del Río e Luis Ernesto Miramontes.
Mario Molina faleceu aos 77 anos devido a um ataque cardíaco, deixando um legado notável na comunidade científica e ambiental. Seu trabalho não só avançou a compreensão global sobre a química atmosférica, mas também desempenhou um papel crucial na formulação de políticas internacionais de proteção ambiental.
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