Vez ou outra lá ia ela á praia contemplar o Mar – e dava sempre a sorte da maré baixa – onde marisqueiras e pescadores ficavam sobre os corais, pacientes buscando o que a água salgada tão generosa lhes sedia.
A menina tinha uma rotina ritualística cada vez que se encontrava com o Mar; parava de frente á Ele, lhe pedia a bênção e logo em seguida dando um passo à frente e já com os pés na água mais uma vez pedia a bênção, desta vez a Mãe das Águas – dona do Mar. Neste momento tão íntimo agradecia com amor, humildade, felicidade e Fé a tudo conquistado em sua vida e principalmente á todo aquele paraíso em sua volta e que lhe era dado de presente pela Natureza e por Deus.
Após todo o ritual finalizado, com uma pequena oração de agradecimento se iniciava então sua caminhada. Sempre atenta e com total concentração para fazer o que mais gostava – encontrar seus pequenos tesouros, relíquias que valiam mais que ouro… as Conchas.
Nem sempre tinha facilidade em encontrá-las, mas extrema paciência e muitíssima ligação com o Mar e sua grande Mãe d’Água, portanto se comunicava muito com quem e o que não podia ver, mas podia naturalmente ouvir e sentir tudo à sua volta ainda que oculto… por enquanto.
Pedia educada e carinhosamente aos amigos invisíveis que a auxiliassem se possível, em sua caça ao tesouro.
Dizia a eles:
– Ah pessoal, por favor me mostrem onde estão as mais bonitinhas e desabitadas.
E quando menos esperava, não é que apareciam grudadinhas nas pedras, escondidas e fantasticamente lindas se apresentavam timidamente uma a uma para a menina.
E ela dizia:
– Nossa, muito obrigada!!! São tão pequeninas… Meu Deus, encontrei mais uma… Ah, que lindas conchinhas..
Em um de seus solitários passeios e desta vez ao entardecer, já contava mais de trinta conchas quando ouviu alguém chamar.
– Ei?
Ela olhou para os lados e não viu ninguém, assim continuou apanhando suas queridas. Mas novamente ouviu chamar.
– Oi amiga, sou eu, aqui!
Então a menina perguntou:
– Quem? Onde?
E e seu amigo encantado lhe respondeu:
– Sou eu, a quem você chama todas as vezes que quer encontrar seus tesouros, as Conchas.
Moral da história
Não estamos só neste Mundo por mais que nos sintamos assim. Existem outras riquezas além do dinheiro e da matéria e uma delas é a felicidade que chega quando nos predispomos a ela e para ela.
De Simone Sant Ana – Por Marta de Xangô